Ciência

Internet pode ser tão boa para o bem-estar quanto andar ao ar livre, diz estudo

Extensa pesquisa global demonstrou que pessoas que fazem uso da Internet se sentem mais satisfeitas com a vida e nível mais alto de bem-estar, entenda
Imagem: LinkedIn Sales Solutions/ Unsplash/ Reprodução

“Enquanto a Internet é global, seu estudo não é”, afirmou Andrew Przybylski, pesquisador da Universidade de Oxford, no Reino Unido, à revista Nature. Com isso em mente, ele iniciou uma pesquisa aprofundada sobre a relação entre o bem-estar e o uso da Internet, em especial das mídias sociais.

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Os resultados, publicados na revista nesta semana, surpreenderam. De acordo com o estudo, o comportamento pode aumentar a satisfação das pessoas com a vida e seu senso de propósito.

“O efeito positivo é semelhante ao benefício para o bem-estar associado a uma caminhada na natureza“, explicou Przybylski.

Entenda o contexto

Pesquisas anteriores relacionaram as mídias sociais, a Internet e o uso de telefones celulares a comportamentos como o cyberbullying, o vício nas redes e questões de imagem corporal. Contudo, parte das amostras dessas investigações não abrangiam a realidade da população global, segundo Przybylski.

“Mais de 90% dos conjuntos de dados vêm de um punhado de países de língua inglesa, que estão principalmente no hemisfério norte global. Estudos anteriores também se concentraram em jovens”, acrescentou.

O novo estudo foi desenvolvido durante 16 anos e acompanhou cerca de 2,4 milhões de pessoas de 168. Todos tinham 15 anos ou mais.

Na investigação, o cientista analisou dados sobre como o acesso à Internet estava relacionado a oito medidas de bem-estar da pesquisa Gallup World Poll. Para evitar vieses, fatores que podem afetar o uso da Internet e o bem-estar foram considerados. 

Por exemplo, nível de renda, situação de emprego, nível de educação e problemas de saúde.

Uma vida melhor pelas lentes da Internet

Em média, pessoas que tinham acesso à Internet pontuaram 8% mais alto em indicadores de satisfação com a vida, experiências positivas e contentamento com sua vida social. Para pesquisadores da área, isso se deve às oportunidades de aprender coisas novas e fazer amigos que a Internet proporciona.

Para Przybylski, o resultado é comparável a hábitos saudáveis, como caminhar ao ar livre. No entanto, o resultado da nova pesquisa também indica que a Internet pode se tornar um refúgio.

De acordo com os resultados, mulheres de 15 a 24 anos estavam menos satisfeitas com o lugar onde vivem em comparação com pessoas que não haviam usado a Internet recentemente. Para os pesquisadores, o digital pode oferecer um meio em que as pessoas se sentem mais bem-vindas e, com isso, elas passam mais tempo online. 

Contudo, Przybylski ressalta que mais estudos são necessários para determinar se as conexões entre o uso da Internet e o bem-estar são uma relação de causa e consequência ou apenas associações.

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Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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