Indígenas LGBTQIA+ não se sentem totalmente aceitos por nenhuma comunidade da sigla
Relatos de racismo e homofobia são frequentes dentro das comunidades. Segundo pesquisadores, medidas de saúde mental e políticas públicas devem ser tomadas.
Um novo estudo realizado na Austrália revela as experiências complexas de quem é indígena e faz parte da comunidade LGBTQIA+. O relatório vem do projeto e baseou-se em dados de profissionais da saúde e grupos focais e 63 membros indígenas que se consideram queer.
A pesquisa, conduzida pelo Centro de Educação e Pesquisa Indígena da Universidade Edith Cowan Kurongkurl Katitjin, mostra que ainda há muito preconceito a ser combatido e que são necessárias medidas de saúde mental para apoiar as comunidades. Os participantes disseram que frequentemente experimentaram homofobia e racismo. Com isso, há uma sensação de marginalização tanto dentro da comunidade LGBTQIA+, como nas comunidades indígenas e sociedade em geral. Desses, mais de 73% relataram ter sofrido discriminação nos últimos 12 meses e quase 13% vivenciaram a situação de rua ou insegurança habitacional.
Alguns optaram por ocultar sua orientação sexual por medo de não serem aceitos pelos anciãos e líderes comunitários. Ainda assim, há um forte senso de orgulho de quem são e de sua posição única em poder desafiar os conceitos do senso comum sobre ser indígena em comunidades queer e queer em comunidades indígenas. No entanto, embora muitos dos envolvidos valorizem a capacidade de educar os outros sobre essa posição de identidade, eles contaram que essa responsabilidade também pode ser cansativa.
O estudo mostrou a importância de amigos, famílias e serviços sociais no fornecimento de atendimento responsivo e apoio em momentos de necessidade. Foi constatado níveis significativos de confiança nas organizações de saúde controladas pela comunidade aborígene. Isso indica que mais poderia ser feito pelas organizações indígenas de saúde para incluir as necessidades das pessoas indígenas LGBTQ + em seus serviços.
Membros da comunidade e profissionais de apoio também identificaram etapas para melhorar o atendimento aos povos indígenas queer. Isso inclui empregar e manter funcionários LGBTQIA+ indígenas, usar linguagem inclusiva, implementar treinamento de pessoal especializado e iniciar conversas sobre inclusão com conselhos e executivos.
[]