Incêndio subterrâneo na Austrália já dura 6 mil anos – e não deve parar tão cedo
Quem lê o Gizmodo talvez se lembre da história da Cratera de Darvaza, localizada ao norte do Turcomenistão, que queima há pelo menos 50 anos. Seu incêndio constante, que parece remontar a uma a uma ação impensada da época da União Soviética, deu a ela o título de Portão do Inferno.
Mas o tal incêndio é fichinha perto de outro registrado em Nova Gales do Sul, na Austrália.
Debaixo do Monte Wingen, o fogo queima há pelo menos 6 mil anos. Não à toa, a reserva nacional que abriga o fenômeno recebeu o nome de (Montanha em Chamas, em português).
Esse não é um incêndio típico. Ou seja, não há grandes labaredas de fogo consumindo o ambiente. Na verdade, é um incêndio da camada de carvão, que atinge o subsolo e se assemelha a brasa de uma churrasqueira.
Como consequência, o incêndio não é visível. Então, se você for visitar Burning Mountain, verá apenas um pouco de fumaça, sentirá o cheiro característico da queima e perceberá o calor do chão ao toque. Pesquisadores mais atentos devem notar ainda os impactos do incêndio para a vegetação local.
É dessa forma, inclusive, que os cientistas estimam a idade do fogo. O incêndio, que queima a 1.000ºC, já percorreu cerca de 6,5 quilômetros. Em sua trajetória, levou muitas florestas abaixo. Parte delas se recuperou décadas depois, mas a vegetação já não tinha suas formas originais.
Não há respostas sobre a origem do fogo. O povo Wanaruah, tradicional da região, conta que as lágrimas de uma viúva foram responsáveis pelas queimada.
Alguns cientistas, por outro lado, colocam a culpa em causas naturais, como um raio ou combustão espontânea. Para ter noção, o carvão aquece em temperaturas entre 35 e 140 ºC, o que significa que fenômenos como este se tornam mais comuns a medida que o planeta aquece.
O incêndio na Austrália não deve parar tão cedo. O fogo causa a expansão e consequentes rachaduras da montanha, permitindo a entrada de oxigênio. Com suprimento disponível, ele segue queimando. Apesar de não apresentar risco a nenhuma infraestrutura urbana, os incêndios de carvão liberam na atmosfera grandes quantidades de CO2, metano e outros gases poluentes.