Implantes cerebrais podem ajudar recuperação de traumas na cabeça, diz estudo
Pesquisadores testaram uma técnica de estimulações cerebrais por corrente elétrica para aliviar problemas cognitivos em pessoas que sofreram traumas na cabeça. E deu certo: entre os cinco participantes, houve uma melhoria 15 a 52% na velocidade de processamento do cérebro.
Os resultados do estudo foram publicados na revista . Frente às conclusões positivas, os pesquisadores esperam continuar este trabalho por meio de ensaios clínicos em larga escala.
Entenda o contexto
O trauma cranioencefálico (TCE), quando moderado ou grave, pode resultar em lesões cerebrais que causam a morte de neurônios e a desconexão de circuitos do cérebro. Isso, por sua vez, gera dificuldades cognitivas a longo prazo.
De modo geral, especialistas acreditam que o TCE moderado ou grave possa afetar os circuitos neurais no tálamo, uma estrutura próxima ao centro do cérebro. Ela está envolvida em processos de atenção, tomada de decisões e memória, por exemplo.
Dessa forma, algumas pessoas que sofrem traumas cerebrais não conseguem retomar sua vida e trabalho normalmente.
O que diz a pesquisa
Pesquisadores selecionaram cinco participantes que haviam sofrido traumas cranioencefálicos há pelo menos dois anos. Então, eles passaram por uma cirurgia para implantar eletrodos perto de seus tálamos, em ambos os lados do cérebro.
Para obter melhores resultados, a equipe de pesquisa projetou abordagens personalizadas para os quatro homens e uma mulher que participaram do estudo. Durante duas semanas, os cientistas ajustaram os parâmetros de estimulação para cada participante.
Por fim, passaram a aplicar uma corrente elétrica de frequência entre 150-185 hertz, 12 horas a cada dia por um período de três meses. A técnica ativa e restaura as conexões cerebrais entre neurônios danificados.
Depois deste tempo de experimento, os pesquisadores aplicaram testes para analisar a função cognitiva dos participantes, especialmente a alternância de tarefas, atenção e memória.
Como resultado, eles mostraram uma melhoria média de 30,7% nas tarefas de atenção e 32% na velocidade de conclusão das atividades.
“Para alguns participantes, as melhorias foram transformadoras, mesmo muitos anos após a lesão”, diz Jaimie Henderson, neurocirurgião da Universidade de Stanford e autor do estudo.
Agora, os pesquisadores esperam continuar este trabalho para mais testes em larga escala. De modo geral, o objetivo final é desenvolver um protocolo seguro para utilizar a técnica como tratamento a pacientes que sofreram trauma cranioencefálico.