As primeiras imagens da missão final da Cassini são incríveis – mas para o que estamos olhando?
Já era tarde da noite da última quarta-feira quando o pessoal do Deep Space Network recebeu um sinal da sonda Cassini enquanto ela emergia de sua primeira viagem na lacuna entre Saturno e seus anéis. Dos dados recebidos, vieram fotos do polo norte do planeta e o topo de nuvens a apenas três mil quilômetros de distância – nosso olhar mais perto da parte de cima da atmosfera de Saturno até o momento, onde a pressão é quase a mesma do nível do mar na Terra.
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Imagem não processada da atmosfera de Saturno, tirada no dia 26 de abril. Créditos: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute
Animation of images from 's close pass over on April 26Na noite de quarta-feira, a Cassini tirou uma série de fotos que começou com um . Ao viajar para o sul, ela sobrevoou o equador a impressionantes 124 mil quilômetros por hora. Se a câmera estivesse tirando fotos coloridas, teríamos visto um azul no vórtice interior do polo norte, mas a velocidade da sonda exigiu imagens monocromáticas. “Infelizmente, estamos vendo [essas características] apenas em preto e branco” disse Ingersoll. “Isso é inevitável, porque estamos voando tão rápido que não conseguimos por um filtro na câmera, já que isso mancharia muito as imagens. Precisávamos coletar toda a luz que tinha ali.” O que foi surpreendente para Ingersoll foi o quão claras as nuvens entremeadas de estavam sob as nuvens volumosas de amônio – e suas escalas. “Havia esses longos fios de nuvens, nuvens filamentares bem diferentes das nuvens da Terra”, disse ele. “É como se você tivesse puxado a atmosfera para fora e as nuvens se recusassem a misturar entre si.” Isso pode ter a ver com um outro fenômeno que Ingersoll observou: as nuvens filamentosas eram muito ordenadas, como se nada estivesse perturbando o ar, apesar do fato dos ventos em Saturno chegarem a 1.800 km/h. Isso poderia revelar um aspecto fundamental das atmosferas dos planetas exteriores.— Jason Major (@JPMajor)
Imagem: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute
“Os dados fotográficos de quinta-feira são sobre a questão do por que os ventos são mais fortes em Saturno do que em Júpiter e por que ambos são mais fortes do que os ventos na Terra”, disse Ingersoll. “E eu acho que é porque existe menos turbulência quanto mais longe você vai no sistema solar.” A passagem próxima da Cassini por Saturno nesta quarta-feira foi apenas a primeira das 22 programadas para acontecer antes do mergulho final da sonda em setembro. Mas somente uma de três ou quatro sobrevoos onde dados visuais de luz serão coletados. O que Ingersoll espera dos sobrevoos futuros são leituras que trespassem a camada de nuvem superior e revele as profundezas do planeta. Sensores magnéticos, infravermelhos e de microondas serão apontados para Saturno nas próximas passagens, cortando essa cobertura de nuvem opaca e visualizando o núcleo do gigante de gás para obter mais dados sobre a estrutura do planeta.View from approaching Saturn's north pole early yesterday morning, preparing for the first fateful ring dive — Conor A Nixon (@Shamrocketeer)“A câmera da Cassini é apenas um de seus instrumentos”, comentou. “De fato, a Cassini é uma nave espacial maravilhosa por causa da sua variedade de instrumentos.” Ingersoll mencionou que a observação final é aquela sobre a qual ele mais tem expectativas, já que ela poderia resolver mistérios sobre a formação do planeta. O campo magnético de Saturno tem uma propriedade muito incomum, na medida em que ele não tem inclinação. Isso é estranho porque a matemática por trás dos campos magnéticos planetários exige um pouco de inclinação. “Como um planeta gera um campo magnético? A inclinação fora do eixo é uma espécie de parte de toda essa teoria, e, se não houver inclinação, bem, será interessante”, disse ele, rindo.
Imagem do topo: NASA/JPL-Caltech/Space Science Institute