Após muita especulação, a Huawei finalmente anunciou seu sistema operacional Hongmeng nesta sexta-feira (9) durante sua conferência para desenvolvedores. O responsável pela divisão de Consumo da empresa, Richard Yu, apresentou o “HarmonyOS” (Hongmeng será o nome utilizado na China) como um sistema mais rápido e seguro que o Android.
Porém, o software foi desenvolvido para produtos IoT, como telas inteligentes, wearables, alto-falantes inteligentes e dispositivos automotivos.
Segundo o , a Huawei evitou mencionar “smartphones” em sua apresentação, afirmando que pretende continuar a apoiar o Android, mas caso a empresa não tenha mais acesso ao sistema operacional do Google, o HarmonyOS estaria pronto para substituí-lo “a qualquer momento”.
A nova plataforma, que é open source, parece competir mais com o Fuchsia, a ser laçado pelo Google, do que com o Android. Afinal, ambos são baseados em microkernel e podem ser utilizados em diversos tipos de dispositivos.
Em uma provocação, Richard Yu apontou que o Android não é tão eficiente quanto o HarmonyOS devido aos seus códigos redundantes, mecanismo ultrapassado e problemas gerais de fragmentação.
Nas palavras de Yu, o HarmonyOS é “completamente diferente do Android e do iOS” devido à sua habilidade de se adaptar a diversos tipos de dispositivos. “Você pode desenvolver seus aplicativos uma única vez e depois distribuí-los a uma série de outros dispositivos”, disse o executivo ao público de desenvolvedores que compareceu ao evento, segundo o .
Em termos de performance, a Huawei promete que seu sistema vai oferecer uma grande melhoria. O chamado “Deterministic Latency Engine” (ou, “motor determinista de latência”, em tradução livre), por exemplo, promete alocar melhor os recursos do sistema utilizando análises e previsões em tempo real.
Além disso, o software terá um “processo de comunicação interna” extremamente rápido – ou seja, uma melhoria na interação entre o microkernel e serviços de kernel externo como arquivos de sistema, redes, drivers, aplicativos, entre outros.
O resultado disso tudo, segundo a Huawei, é uma performance IPC (instruções por ciclo) cinco vezes maior que o Google Fuchsia e três vezes maior que o QNX (sistema para carros autônomos do BlackBerry).
De acordo com o The Verge, o primeiro produto a receber o HarmonyOS será o Honor Smart Screen, que será revelado no sábado. Embora a Huawei não tenha especificado o que constitui uma “smart screen”, a Reuters havia relatado anteriormente que o novo software será utilizado em uma série de smart TVs da gigante de tecnologia chinesa.
Por enquanto, esse modelo inicial do sistema operacional ainda conta com kernel Linux e o Lite OS da Huawei junto com seu próprio microkernel, mas a expectativa é que a versão 2.0, com previsão para 2020, contará apenas com o microkernel do HarmonyOS.
Além disso, esse modelo melhorado deverá ter gráficos de alta performance, podendo ser utilizado em “PCs inovadores”, wearables, alto-falantes, óculos VR e outros produtos.
De acordo com o New York Times, a Huawei ainda não disponibilizou nenhum dispositivo com o novo sistema para testes.
Em termos de segurança, o microkernel do HarmonyOS é protegido por isolamento de serviços de kernel externo. O sistema ainda aplica um conjunto de estratégias matemáticas utilizadas em áreas de segurança crítica para identificar vulnerabilidades não detectadas por métodos tradicionais.
No entanto, apesar de todos esses esforços para oferecer melhor performance e segurança, a Huawei ainda precisa ganhar a confiança do mercado ocidental e convencer os desenvolvedores de que vale a pena criarem apps e jogos para mais um tipo de sistema operacional. Além disso, o cenário instável da relação da empresa com o governo norte-americano torna seu futuro ainda mais imprevisível.
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