Após 15 anos de desenvolvimento e um investimento de 840 milhões de libras (R$ 5,1 bilhões), o rover Rosalind Franklin está pronto para ser enviado para Marte. Porém, diante da invasão russa na Ucrânia, é possível que ele nunca chegue ao planeta vermelho.
A missão, batizada ExoMars, é liderada pela Agência Espacial Europeia (ESA), mas conta com a participação da agência russa Roscosmos. Inicialmente, o rover estava programado para ser lançado no próximo dia 20 de setembro em um foguete russo Proton, a partir do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, mas controlado pela Rússia.
Com a guerra na Ucrânia, a , impactando vários projetos espaciais, entre eles, o adiamento do lançamento do rover Rosalin Franklin — nome este que faz uma homenagem ao químico britânico cujo trabalho levou à descoberta do DNA.
Na melhor das hipóteses, a missão terá que esperar mais dois anos para decolar, quando a próxima janela de lançamento se abrir para o envio de uma espaçonave para Marte. Porém, acredita-se que, se os atrasos continuarem, a missão corre o risco de ser cancelada.
“É inconcebível que possamos trabalhar com a Rússia nas atuais circunstâncias, e essa atitude vai durar muito tempo. Isso pode atrasar o ExoMars pelo resto da década. Até então, sua tecnologia estará ficando datada”, alerta John Zarnecki, astrônomo e professor da Open University, ao .
ESA estuda outras opções
Uma alternativa seria contratar outro foguete para fazer o lançamento. Entretanto, a Rússia também estava fornecendo o módulo de pouso Kazachok, que deveria implantar o rover com segurança na superfície marciana. Além do aumento de custos, uma potencial mudança do sistema de pouso da sonda é considerada complicada e complexa, o que poderia atrasar ainda mais o cronograma de lançamento.
Apesar da indefinição da guerra na Ucrânia, alguns cientistas europeus ainda estão otimistas que a ESA e a Roscosmos voltem a cooperar em um futuro próximo, permitindo o lançamento do rover já em 2024. Porém, a agência europeia também faz projeções pessimistas para 2026 ou 2028.
A NASA, que também conta com uma pequena participação no projeto, estuda meios para ajudar a missão. Enquanto a ESA estuda as opções, o rover — construído na Grã-Bretanha — será embalado e armazenado numa instalação da joint venture Thales Alenia Space, localizada na Itália.
Buscando vida em Marte
O programa ExoMars consiste em duas missões distintas, sendo o satélite Trace Gas Orbiter (TGO) — que já está em órbita de Marte desde 2016 –, e o rover Rosalind Franklin que aguarda lançamento.
O rover seria o primeiro a perfurar o solo de Marte em até 2 metros de profundidade para procurar potenciais vestígios de vida no passado (ou mesmo no presente) do planeta. Nessa profundidade, quaisquer sinais de vida estarão protegidos dos raios cósmicos que atingem a superfície de Marte.