O Google usa sua força para sumir com ideias que não curte — e fizeram isso comigo
Uma história publicada no New York Times nesta semana era inquietante: a New America Foundation, uma think tank de peso, estava se , o grupo Open Markets. A New America havia alertado o líder do grupo, Barry Lynn, de que ele estava “colocando a instituição em perigo”, segundo noticia o NYT, por criticar repetidamente o Google, um importante financiador da think tank, dada a dominância de mercado da gigante de buscas.
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Eu trabalhava para a Forbes na época e estava apenas começando no cargo. Além de redatora e repórter, eu ajudava a comandar as redes sociais de lá, então fui chamada para uma reunião com vendedores do Google sobre a então nova rede social da companhia, o Plus.
Os vendedores do Google estavam incentivando a Forbes a adicionar os botões sociais de “+1” do Plus aos artigos no site, junto com o botão de curtir do Facebook e o de compartilhar do Reddit. Disseram que era importante fazer isso, porque as recomendações do Plus seriam um fator nos resultados das buscas, que são uma fonte crucial para o tráfego em sites editoriais.
Isso pareceu uma notícia para mim. A dominância do Google nas buscas e nas notícias lhe dá um poder tremendo em relação a veículos de mídia. Ao atrelar resultados de buscas ao uso do Plus, o Google estava usando esse poder para forçar as pessoas a promoverem sua rede social. Perguntei ao pessoal do Google se eu havia entendido corretamente: se um veículo não colocasse o botão +1 na página, seus resultados de busca sofreriam as consequências? A resposta foi “sim”.O pessoal do Google explicou como o novo sistema de recomendações será um fator na busca. “Universalmente ou apenas entre amigos no Google Plus?”, perguntei. “Universal” foi a resposta. “Então, se a Forbes não colocar botões +1 em suas páginas, ela vai sofrer nos rankings de busca?”, perguntei. O cara do Google diz que não colocaria daquela maneira, mas, basicamente, sim.(Um grupo de marketing online copiou a matéria após ela ser publicada, e uma versão dela) O Google prontamente pirou. Isso foi em 2011, por volta da mesma época em que uma comissão antitruste do congresso estava investigando se a empresa estava . O Google nunca questionou a exatidão da reportagem. Em vez disso, um porta-voz da empresa me disse que eu precisava retirar a história do ar porque a reunião havia sido confidencial e a informação discutida lá tinha sido alvo de um acordo de não divulgação entre o Google e a Forbes (eu não tinha assinado tal acordo, não me disseram que a reunião era confidencial, e eu havia me identificado como jornalista). Tudo escalou rapidamente a partir dali. Meus superiores na Forbes me disseram que representantes do Google haviam ligado para eles, dizendo que o artigo era problemático e precisava ser retirado. A implicação era de que isso poderia ter consequências para a Forbes, o que era uma possibilidade preocupante, considerando quanto tráfego vinha por meio de buscas do Google e do Google News. Eu achava que era uma história importante, mas não queria causar problemas para meu empregador. E se outros participantes da reunião tivessem de fato sido cobertos por um acordo de não divulgação, eu poderia entender por que o Google objetaria à publicação da matéria. Considerando que eu havia entrado em contato com a equipe de RP do Google antes da publicação e que a história já estava no ar, senti que fazia mais sentido mantê-la lá. Por fim, no entanto, depois de uma pressão contínua por parte de meus chefes, retirei a matéria do ar. Uma decisão da qual sempre me arrependerei. A Forbes se negou a comentar o caso.
Mas a parte mais perturbadora da experiência foi o que veio a seguir: de alguma maneira, muito rapidamente, os resultados de buscas pararam de mostrar a história original. Conforme me lembro — e, embora tenha sido seis anos atrás, esse episódio ficou gravado na minha memória —, uma versão em cache permaneceu pouco após a publicação ter sido retirada, mas foi logo apagada dos resultados de busca do Google. Isso era incomum; sites capturados pelo crawler do Google não costumavam desaparecer tão rapidamente. E matérias retiradas do ar costumam ainda aparecer em resultados de buscas como uma manchete. Versões copiadas ainda podiam ser encontradas, mas os vestígios da minha matéria original haviam sumido. É possível que a Forbes, e não o Google, tenha sido responsável por apagar o cache, mas eu francamente duvido que qualquer pessoa na Forbes tivesse o know-how técnico para fazer isso, considerando que outros artigos deletados do site tendem a permanecer .
Manipular deliberadamente resultados de busca para eliminar referências a uma matéria que o Google não gosta seria um tipo de abuso extraordinário, quase distópico, do poder da empresa sobre a informação na internet. Não tenho nenhuma evidência concreta para provar que foi isso que o Google fez nesse caso, mas isso é parte do motivo pelo qual esse episódio tem me assombrado há anos: a história que o Google não queria que as pessoas lessem rapidamente se tornou impossível de ser encontrada através do Google. O Google não quis dizer se deliberadamente destruiu resultados de busca relacionados à matéria. Solicitado a comentar o caso, um porta-voz da empresa enviou um comunicado, dizendo que a Forbes removeu a história porque ela “não foi noticiada de forma responsável”, aparentemente uma referência à alegação de que a reunião estava coberta por um acordo de não divulgação. Repito, eu me identifiquei como jornalista e não assinei acordo algum antes de participar da reunião. Pessoas que prestavam bastante atenção à indústria das buscas na época notaram o desaparecimento da matéria e , perguntando-se por que ela havia desaparecido. Pelo menos essas matérias ainda podem ser encontradas hoje em dia. Quanto à eficácia da estratégia, a dominância do Google em outras indústrias não garantiu o sucesso do Plus. Seis anos depois, a rede social é uma cidade fantasma, e o Google basicamente dela. Mas na época em que a empresa ainda achava que ela poderia competir com o Facebook, ela estava disposta a jogar duro para promover o site. O Google começou como uma empresa dedicada a garantir o melhor acesso à informação possível, mas, conforme cresceu e se tornou uma das maiores e mais rentáveis companhias do mundo, suas prioridades mudaram. Mesmo lutando contra pessoas comuns que desejam que suas histórias pessoais sejam removidas da rede, a empresa tem um incentivo para suprimir informações sobre si própria. O que nunca pediu que a New America demitisse Lynn e sua equipe. Mas uma entidade poderosa como a companhia não precisa emitir ultimatos. Ela pode só dar uma cutucada em outras organizações e fazê-las agirem como ela quiser, dada a influência que transmite. Lynn e o resto da equipe que deixou a New America Foundation planejam criar uma nova organização sem fins lucrativos para continuar seu trabalho. Por enquanto, eles lançaram um site chamado ““, que conta sua história. Ele diz que “as tentativas do Google de acabar com think tanks, jornalistas e defensores do interesse público que pesquisam e escrevem sobre os perigos do poder privado concentrado precisam acabar”. Dá para dizer com segurança que eles não serão financiados pelo Google.Ilustração: Jim Cooke/GMG, foto: Getty