Google, inteligência artificial e privacidade
Esta semana, o Google anunciou um assistente de IA incorporado em seus novos smartphones Pixel. Mas há uma desvantagem fundamental na mais recente criação da empresa: devido à própria natureza da inteligência artificial, nossos dados ficam menos seguros, e as empresas de tecnologia estão agora recolhendo informações ainda mais pessoais sobre cada um de nós.
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O novo assistente do Google, que estreou no novo app de mensagens Allo, funciona assim: faça uma pergunta sobre a previsão do tempo, restaurantes nas proximidades ou direções de trânsito, e ele responde com informações detalhadas ali mesmo na interface do chat. É, sem dúvida, bacana e útil.
Pichai ressaltou no evento que este é apenas o começo para a inteligência artificial. A IA do Google só vai ficar mais rápida e mais precisa. Ela vai aprender coisas sobre seus hábitos e preferências para oferecer resultados personalizados e para responder a perguntas mais específicas.Além disso, mesmo a criptografia padrão ainda tem problemas. O Google usa o melhor protocolo disponível atualmente, o Signal, dentro do seu app de mensagens Allo – mas se você ativar esse recurso, diga adeus ao assistente de inteligência artificial.
Os engenheiros de segurança do Google sabem, e especialistas em criptografia concordam, que a criptografia automática é a melhor maneira de defender seus dados pessoais e conversas de hackers e da vigilância do governo. Mas, a fim de se manter competitivo contra todas as outras empresas de tecnologia que têm (ou terão) assistentes movidos a IA, o Google não tem muita escolha.O Facebook tem quase que exatamente o mesmo problema. O Messenger também oferece criptografia opcional, e usa o que é amplamente considerado o padrão de ouro para criptografar mensagens, tal como o Google. Mas, para o usuário fazer coisas como chamar um Uber a partir do app ou usar um bot, as mensagens precisam ser descriptografadas.
A Apple, que criou uma imagem de defensora da privacidade, tem um problema semelhante envolvendo conveniência vs. privacidade. O iMessage utiliza criptografia ponta-a-ponta, impedindo até mesmo que a empresa leia o conteúdo das mensagens. No entanto, isso muda se você ativar o backup do iCloud.
Nesse caso, a Apple guarda cópias das mensagens e as protege usando uma chave que não é controlada por você. É possível desativar o backup do iMessage, mas isso também interrompe o backup de suas fotos, contatos, configurações e outros. Estes novos assistentes são muito bacanas, e a realidade é que muitas pessoas provavelmente irão utilizá-los e desfrutar da experiência. Mas isso significa que nós estamos sacrificando a segurança e a privacidade dos nossos dados para que o Google – e o Facebook e outros – possam desenvolver o que acabará por se tornar uma nova forma de ganhar dinheiro. Pense, por exemplo, em um assistente que oferece resultados patrocinados quando você pergunta o que jantar esta noite. O Google está apostando que as pessoas se preocupam mais com comodidade e facilidade do que com uma noção de privacidade – e eles estão corretos nesse pressuposto. O trabalho da empresa é inovar e ganhar dinheiro, e no mínimo, ela está oferecendo a você uma opção robusta para proteger seus dados. Mas, claro, é uma opção que sacrifica o recurso útil do assistente de IA.