gLinux: conheça a história do sistema Linux desenvolvido pelo Google
Distribuição baseada no Debian é usada desde 2018. Porém, o sistema é utilizado apenas pelo Google. Entenda todo esse processo
Todo mundo já deve ter ouvido falar no Chrome OS, um sistema operacional baseado no Linux e que foi desenvolvido para rodar em dispositivos do tipo Chromebook. Entretanto, desde 2018, a gigante das buscas também vem utilizando outro sistema não tão conhecido, batizado gLinux. Acompanhe:
Essa distribuição –amparada no Debian– é utilizada apenas internamente no Google, embarcada em computadores de funcionários e engenheiros da empresa.Atualmente, a Big Tech utiliza vários sistemas operacionais em diversas plataformas, aplicando cada um deles nos ambientes em que eles são mais produtivos. No caso do gLinux, o Google afirma que utiliza o sistema de código aberto em mais de 100 mil dispositivos da empresa.
Antes da adoção deste novo sistema, o Google utilizava há mais de 15 anos o Goobuntu –que, como o nome já diz, era baseado no Ubuntu. A escolha dessa distro foi motivada pela facilidade de uso, assim como recursos extras sofisticados.
Porém, o antigo sistema utilizava as versões do Long Term Support (LTS), que forneciam cerca de 2 anos de atualizações de segurança. Com esse ciclo de lançamentos, a empresa tinha o trabalho de ter que atualizar todas as máquinas antes da data do fim da vida útil do sistema operacional.
Segundo o Google, era necessário reinstalar e personalizar totalmente os dispositivos, uma operação considerada difícil e demorada. “O impacto na produtividade de ter todos os engenheiros configurando seu espaço de trabalho do zero a cada dois anos não era uma opção financeiramente responsável”, .
O nascimento do gLinux
Inicialmente, o Google chegou a desenvolver uma ferramenta de atualização automática, que resolvia a maioria dos problemas comuns do Goobuntu. Por outro lado, eram necessários testes abrangentes no processo de atualização e verificação de todos os principais pacotes alterados, um esforço que geralmente levava quase um ano.Para resolver o problema, foi desenvolvido o gLinux Rodete (Rolling Debian Testing), baseado no Debian e que adota um modelo de lançamento contínuo de patches. Isso reduz a carga sobre os engenheiros de software –distribuindo o trabalho ao longo do tempo–, com mudanças menores sendo mais fáceis de controlar e reverter.
Isso gerou uma mudança de mentalidade dentro do Google, pois foi possível controlar o fluxo de trabalhos para mantê-los mais previsíveis, em vez de adotar grandes alterações que geravam estresse na equipe. Isso reduziu a rotatividade dos funcionários e eliminou a necessidade de resolver vários problemas ao mesmo tempo.
Outras distribuições também adotam esse esquema de lançamentos contínuos, como Arch Linux ou NixOS, mas o Debian foi escolhido por conta da disponibilidade de pacotes e ferramentas, além da grande comunidade desta distribuição.
Com o gLinux, o Google reprojetou muitos sistemas e processos, ao adotar pequenos lançamentos semanais, em vez de interromper a produtividade a cada dois anos.
As atualizações são instaladas em um pequeno número de máquinas e testadas ao longo de alguns dias, para detectar quaisquer problemas ou bugs nos pacotes instalados, antes que a atualização seja disseminada para todos os dispositivos da empresa.
Infelizmente, o gLinux não está disponível para instalação do público geral. Porém, estamos utilizando esse sistema de forma indireta, quando estamos acessando os serviços da empresa, como o Gmail ou YouTube.
Além disso, o Google diz que pretende trabalhar ainda mais próxima da comunidade Debian, utilizando seus patchs internos de segurança para manter o ecossistema desta distribuição Linux.