O simples ato de deixar comida do acampamento para os lobos pode explicar a domesticação de cães. O mesmo pode ter ocorrido com vacas, porcos e cavalos, afinal, os humanos não parecem ser altruístas apenas um com os outros, mas sim com as diversas espécies.
Essa consideração pelo outro não é necessariamente aprendida ao longo da vida. Na verdade, ela parece estar enraizada nos humanos, aparecendo desde os nossos primeiros passos de vida.
Pelo menos, foi o que mostraram pesquisadores da Universidade de Harvard, nos EUA, em um estudo publicado na revista . A equipe analisou o comportamento de 97 crianças que precisavam interagir com três cães – Fiona, Henry e Seymour.
Os pequenos tinham entre um ano e meio e quatro anos de idade. Eles ficaram separados dos animais por uma cerca, tendo acesso a brinquedos e guloseimas. O objetivo dos cientistas era ver se as crianças iriam se esforçar para entregar os objetos aos animais.
O . As crianças pequenas conseguiam entender os desejos dos cachorros e estavam dispostas a ajudá-los mesmo sem receber nada em troca. Segundo os pesquisadores, os pequenos eram mais propensos a entregar os brinquedos e guloseimas quando os cães demonstravam interesse choramingando ou arranhando a cerca, por exemplo.
Crianças que tinham animais em casa ajudavam os cães com maior frequência. Os pequenos também tendiam a ser mais altruístas quando o objeto oferecido era um alimento ao invés de um brinquedo.
O altruísmo natural dos humanos pode ter nos ajudado a prosperar, já que passamos a viver em harmonia com outras espécies. Além disso, os antigos hominídeos conseguiram domesticar animais e tirar benefícios disso, como as galinhas e ovelhas.
Os cientistas, por outro lado, ainda não analisaram a relação das crianças com outros seres domésticos. Os cães, por exemplo, fazem contato visual, o que pode dar dicas aos humanos sobre o que eles tem interesse em ganhar. Os gatos já não agem da mesma forma. Mais estudos são necessários para explorar até que ponto vai o altruísmo dos humanos.