Genes que tornaram pênis dos gorilas pequenos podem tornar homens inférteis
De acordo com estudo publicado na revista , homens com problemas de infertilidade podem ter genes semelhantes aos de gorilas que possuem um sistema reprodutivo masculino de baixo funcionamento.
Em geral, os gorilas compartilham ancestrais comuns com os humanos. No total, estima-se que 98% de seu DNA seja semelhante ao das pessoas.
Contudo, isso pode ser uma desvantagem no quesito reprodução. Os gorilas têm os menores pênis e testículos entre os grandes primatas. Também produzem uma quantidade baixa de esperma.
Além disso, esses poucos espermatozoides ainda têm dificuldade em se locomover e se ligar aos óvulos. Isso acontece porque os gorilas seguem um sistema de acasalamento poligínico e o macho alfa tem acesso quase exclusivo às fêmeas de seu grupo. Dessa forma, seu esperma não compete com o de outros machos.
“Temos um conjunto de genes envolvidos na biologia do esperma e que apresentam assinaturas de mutações prejudiciais quando em gorilas. Podemos então olhar esses mesmos genes em homens inférteis e ver se eles têm mutações”, explica Vincent Lynch, autor principal do estudo.
Entenda a pesquisa
Primeiramente, os pesquisadores buscaram dados que contabilizaram mais de 13 mil genes de 261 mamíferos. Destes, 578 (ou 4,3%) mostraram assinaturas na linhagem dos gorilas.
Então, testando alterações genéticas com essas assinaturas, mas aplicadas em moscas, os cientistas identificaram quais desses genes são cruciais para a função reprodutiva masculina.
Em seguida, os pesquisadores compararam os genes reprodutivos dos gorilas a um banco de dados genéticos com informações de mais de dois mil homens inférteis.
No total, eles identificaram 109 genes relacionados à reprodução em gorilas que muitas vezes estão mutados quando presentes em homens inférteis. De acordo com os pesquisadores, provavelmente há ainda mais genes a serem identificados.
“Há apenas alguns anos, não havia sequências genômicas suficientes e poder computacional para realizar esse tipo de estudo. À medida que a ciência coleta mais dados genéticos, teremos uma melhor compreensão do porquê da infertilidade acontecer”, explicou Lynch.