Tecnologia
“Frankenstein”: livro finalista do prêmio Jabuti é desclassificado por uso de IA
Em 2022, a editora Clube de Literatura Clássica anunciou a nova edição de "Frankenstein" como o 1º livro totalmente ilustrado por IA
Imagem: Divulgação/Vicente Pêssoa
A CBL (Câmara Brasileira do Livro) anunciou na última sexta-feira (10) que o livro “Frankenstein”, uma edição do clássico de 1818, foi desclassificado do Prêmio Jabuti — que premia os destaques do mercado editorial brasileiro e existe desde 1958.
Isso porque as ilustrações da obra, indicada como semifinalista na categoria de melhor ilustração do ano, foram feitas por inteligência artificial, com ajuda do software Midjourney.
Em nota, a CBL divulgou a decisão, prometendo debater o uso da tecnologia para os próximos anos. As regras da premiação estabelecem que casos não previstos no Regulamento sejam deliberados pela Curadoria, e a avaliação de obras que utilizam IA em sua produção não estava contemplada nessas regras”, justificou, em um trecho.
Em entrevista ao Estadão, o designer de “Frankestein”, Vicente Pessôa, criticou a desclassificação do livro. “Eu acho muito estranho que a CBL não tenha especificado no edital que não poderia haver ilustrações feitas com IA. Em jogos, disputas, competições na esfera pública, se não é proibido, é permitido. Se eles desclassificaram agora, mudaram a regra no meio do jogo. E a organização está me punindo pelo seu próprio descuido, o que não é exatamente justo”.
No lançamento da obra, em 2022, a editora Clube de Literatura Clássica disse ser o primeiro livro totalmente ilustrado por IA. “Pela primeira vez — não só no Brasil, mas no mundo — um clássico foi inteiramente ilustrado por inteligência artificial: a nossa edição de Frankenstein”, escreveu o perfil da empresa no Instagram.Entretanto, um dos jurados do prêmio, Eduardo Baptistão, disse que não sabia que o livro havia utilizado IA. “Evidente que eu não teria selecionado o livro se tivesse essa informação. […] O regulamento diz que o autor responde pela originalidade, autenticidade e/ou autoria do material inscrito. Na minha opinião, a IA não se enquadra nesses critérios”, alegou.