Frango de laboratório estreia em restaurante em São Francisco, nos EUA
Cada vez mais proteínas alternativas chegam ao mercado alimentício. E não estamos falando de Futuro Burger e afins, mas de carnes feitas com células cultivadas em laboratório. É o caso do frango da empresa americana Upside Foods, que acaba de entrar no cardápio do Bar Crenn, em São Francisco (Estados Unidos).
A Upside Food produz frango extraindo uma amostra de carne, sem matar o animal, e multiplicando-a em laboratório. Os cientistas da empresa selecionam células da amostra e colocam em biorreatores: tanques cheios de nutrientes com condições controladas para o crescimento das células.
Nestas instalações que lembram cervejarias, as células se multiplicam exponencialmente – e dão origem a uma carne produzida sem sofrimento animal, como afirma a Upside Food. Hoje, ela é uma das mais de 100 empresas que na “carne cultivada”. (Há também iniciativas para produção de gordura cultivada. Uma das mais promissoras, da startup Cellva, é brasileira.)
Como foi a estreia
O frango da Upside Food estreou em um restaurante, neste fim de semana, como parte de um tempurá criado pela equipe do chef Dominique Crenn. Molho aioli de pimentão queimado, verduras e flores comestíveis o tempurá. E não é qualquer um que pôde experimentar o prato.
É que a empresa americana fez um concurso em suas redes sociais para escolher as primeiras pessoas que iriam experimentar o frango fake, pagando apenas um dólar. A carne cultivada estará disponível no restaurante vegetariano em outras ocasiões, ainda não definidas. A Upside Food, por sua vez, afirma que vai promover jantares mensais com o produto a partir do fim deste ano.
Frango recém-aprovado
A empresa recebeu autorização da FDA (Food and Drug Administration, a Anvisa americana) e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos no fim de junho para comercializar o frango de laboratório. As agências também deram OK para a Good Meat, outra empresa americana que produz frango cultivado.
Assim como a Upside Food, a Good Meat pretende começar vendendo seu produto para um restaurante, mas ainda não revelou uma data para isso. Esta é a mesma ideia da Cellva, que ainda está sob análise da Anvisa. Os fundadores da startup afirmam que uma etapa inicial desta forma permite testar e melhorar gradualmente o produto.
Nenhuma dessas empresas se vende como vegetariana. Afinal, suas carnes e gordura de laboratório vêm de células animais. Mas elas afirmam que utilizam muito menos água e terra do que produtores tradicionais de carne, por exemplo, além de não matarem quaisquer animais. Por isso, seus produtos seriam interessantes para quem escolhe não comer carne por conta do impacto ambiental da pecuária ou do sofrimento animal causado por ela.