Fóssil de “unicórnio chinês” pode explicar surgimento do pescoço da girafa
Se alguém pedisse para você explicar por que a girafa tem pescoço longo, o que você responderia? Provavelmente, repetiria a história mais famosa: os animais que tinham o maior pescoço conseguiam se alimentar das árvores mais altas, e, por isso, prosperaram e passaram seus genes adiante. É a explicação amparada na teoria da evolução, proposta por Charles Darwin, em que o mais apto sobrevive.
Mas e se a gente dissesse que a capacidade de alcançar as árvores mais longas foi apenas uma consequência, e não a causa dos pescoços longos? Isso é o que cientistas do Instituto de Paleontologia e Paleoantropologia de Vertebrados (IVPP) sugerem em um novo estudo publicado na revista .
O artigo é baseado em fósseis de um primo distante da girafa que viveu há 16,9 milhões de anos, durante o Mioceno. As evidências do animal foram reveladas na Bacia de Junggar, no noroeste da China.
O espécime tinha uma estrutura rígida na cabeça, como um capacete, composto por camadas de queratina. Por conta disso, recebeu o nome de Discokeryx xiezhi, uma homenagem ao xiezhi, criatura da mitologia chinesa parecida com um unicórnio.
As vértebras em seu pescoço também eram robustas e fortes, o que sugere que os machos da espécie entravam em duelos durante a época de reprodução. Isso também ocorre entre as girafas. Os pescoçudos balançam o crânio pesado contra seus oponentes, com o grande pescoço sendo positivo para o impulso do animal e, consequentemente, sua capacidade de causar mais danos a adversários.
Sendo assim, os cientistas propõem que o pescoço longo nas primeiras espécies de girafa foi fruto da seleção sexual, já que era utilizado para competir com outros machos para conquistar as fêmeas. O Discokeryx xiezhi vivia ainda em um ambiente de pastagem estéril e menos confortável do que o ambiente de floresta, o que pode ter intensificado o comportamento violento.
Por sorte, o pescoço também teria ajudado os animais a se alimentarem das folhas localizadas em árvores altas. No entanto, na visão dos pesquisadores, esse teria sido um motivo secundário para a evolução da espécie, diferente do que nos foi contado até hoje.