Fóssil brasileiro é evidência mais antiga de traço evolutivo que favoreceu gigantismo de dinossauros
O Macrocollum itaquii, soterrado há 225 milhões de anos no que hoje é o município de Agudo, no Rio Grande do Sul, é o dinossauro mais antigo estudado até hoje
André Julião | Agência FAPESP
O elo perdido entre os dinossauros mais antigos, cujo tamanho variava de alguns centímetros até no máximo três metros de comprimento, e os gigantes mais recentes, que podiam ser maiores que dois ônibus e se popularizaram no imaginário popular, acaba de ser encontrado.O Macrocollum itaquii, soterrado há 225 milhões de anos no que hoje é o município de Agudo, no Rio Grande do Sul, é o dinossauro mais antigo estudado até hoje que possui estruturas conhecidas como sacos aéreos.
Esses espaços ocos nos ossos, ainda presentes nas aves atuais, ajudaram os dinossauros tanto a obter mais oxigênio, resfriar melhor o corpo e suportar as duras condições de seu tempo, quanto a se tornar gigantes, como o Tyrannosaurus rex e o Brachiosaurus, por exemplo.
A descoberta foi publicada na revista Anatomical Record, em artigo que tem como autores principais pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) apoiados pela FAPESP.
“Os sacos aéreos tornaram os ossos menos densos, permitindo que os dinossauros pudessem superar 30 metros de comprimento”, explica Tito Aureliano, primeiro autor do estudo conduzido durante seu doutorado no Instituto de Geociências (IG) da Unicamp.
“O Macrocollum, por sua vez, foi o maior de seu tempo, com cerca de três metros de comprimento, sendo que poucos milhões de anos antes os maiores dinossauros tinham em torno de um metro. Os sacos aéreos certamente facilitaram esse aumento de tamanho”, completa.
O trabalho integra o projeto “Paisagens Tafonômicas”, financiado pela FAPESP e coordenado por Fresia Ricardi Branco, professora do IG-Unicamp que também assina o artigo.
“Esse foi um dos primeiros dinossauros a pisar na Terra, no período Triássico. Essa adaptação possibilitou que eles crescessem e resistissem ao clima tanto daquele período como dos que vieram depois, o Jurássico e o Cretáceo. Os sacos aéreos foram uma vantagem evolutiva sobre outros grupos, como os mamíferos, permitindo aos dinossauros se diversificar mais rapidamente”, conta a pesquisadora.
Em estudo anterior, o grupo havia mostrado que os fósseis mais antigos já encontrados não tinham evidências de sacos aéreos, o que sugere que essa característica evoluiu pelo menos três vezes de forma independente (leia mais em: agencia.fapesp.br/40783/).
O bípede Macrocollum é um sauropodomorfo, ancestral dos gigantes dinossauros quadrúpedes e pescoçudos.