A Ford e o governo da Bahia fecharam um acordo para reversão da propriedade da fábrica de Camaçari para o Estado baiano. Segundo da marca, “esse processo seguirá a legislação vigente, que prevê posterior indenização para a empresa em valores compatíveis com o mercado”.
A Ford anunciou em janeiro de 2021 o fim da produção de carros no Brasil e o fechamento das unidades de Taubaté (SP), Horizonte (CE) e Camaçari (BA). Anteriormente, o pólo baiano era responsável pela fabricação dos modelos Ka e EcoSport.
O acordo busca agilizar a transição de propriedade da fábrica — que vai passar para as mãos da chinesa BYD. A montadora de carros elétricos comprou a fábrica da Bahia no final de junho. Contudo, entraves burocráticos e técnicos entre as duas partes impediam o fechamento do negócio.
Agora, o governo da Bahia é quem vai negociar diretamente com a BYD. A expectativa é de que o complexo industrial inicie a produção de veículos elétricos no segundo semestre de 2024, conforme a assessoria do governo baiano.
Investimento chega a R$ 3 bilhões
A marca chinesa prevê empregar 5 mil pessoas e investir R$ 3 bilhões na criação de três células fabris. Uma será dedicada à produção de chassis para ônibus e caminhões elétricos. A outra vai produzir automóveis híbridos e elétricos, com capacidade estimada em 150 mil unidades ao ano na primeira fase, podendo chegar a 300 mil unidades.
A última unidade, voltada ao processamento de lítio e ferro fosfato, atenderá ao mercado externo, utilizando-se da estrutura portuária existente no local. Atualmente, a BYD produz veículos pesados e painéis solares em Campinas (SP).
“O novo complexo da BYD será um polo de atração de fornecedores de diversos tipos, seja na área de peças técnicas ou de serviços. A empresa pretende contribuir para o desenvolvimento regional, dando prioridade a fornecedores locais”, cita nota da companhia divulgada na última sexta-feira (11), sobre o novo complexo em Camaçari.
De acordo com a empresa, “a produção nacional vai permitir preços mais competitivos e a possibilidade de um povo apaixonado por carros ter acesso a um sonho de consumo da era moderna: um elétrico na garagem”.
Quais modelos serão produzidos?
O modelo favorito para ser o primeiro BYD nacional é o SUV híbrido Song Plus. Atualmente, a empresa importa o veículo da China e custa R$ 270 mil. Além disso, outro forte candidato para ser nacionalizado é o hatch compacto Dolphin, que acaba de ser lançado por menos de R$ 150 mil e teve 146 unidades comercializadas em algumas horas.
O modelo tem tamanho semelhante ao de um Chevrolet Onix, mas custa o mesmo que rivais elétricos bem menores, como Renault Kwid E-Tech, Jac E-JS1 e Caoa Chery iCar. A BYD lançará o Seagull, seu concorrente direto para esse trio, no ano que vem. Se o pequeno elétrico fizer sucesso, a BYD pode passar a produzi-lo em Camaçari.