Parece que constantemente estamos lá fora no espaço, apenas para . Mas e se, na nossa busca por vida além da Terra, estivermos deixando de olhar uma questão importante? E se a pergunta que realmente devêssemos fazer fosse: temos certeza de que a vida se espalha além da Terra?
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Sementes da humilde flor glória-da-manhã podem ter a pista para termos certeza de que a vida pode persistir, em algum lugar, mesmo se nós, humanos, nos destruirmos. Em publicados recentemente no periódico Astrobiology, os biólogos David Tepfer e Sydney Leach demonstraram que os embriões dessas plantas resistentes podem aguentar altas doses de radiação ultravioleta, até 6 milhões de vezes a usada para esterilizar a água que bebemos. Considerando que o espaço e a superfície de planetas próximos como Marte são repletos de luz UV que danifica o DNA, a descoberta soa bem para aqueles que acham que a vida pode viajar entre planetas de carona em asteroides, uma antiga ideia conhecida como .
“Nós não podemos dizer que temos provas para a hipótese da panspermia, mas podemos dizer que mostrar a resistência de sementes de plantas em condições espaciais torna a hipótese mais plausível”, Tepfer disse ao Gizmodo.
Desde o começo dos anos 2000, cientistas têm testado a ideia de que a vida pode sobreviver a uma viagem interestelar, ao levar microorganismos, sementes e até larvas de insetos para a área externa da Estação Espacial Internacional por semanas e até meses, expondo-os à radiação danosa do Sol e a raios cósmicos, sem mencionar as repentinas mudanças de temperatura e condições de vácuo.
“Nós, humanos, devemos ficar na Terra e limpar a nossa bagunça. Porém, durante os anos em que a nossa espécie estiver viva e tecnologicamente competente, devemos aceitar o nosso papel de disseminadores da vida, talvez usando sementes de plantas carregadas de microorganismos.”
Como você pode imaginar, a maioria dos objetos desses experimentos morreu. Mas em um teste de 2009, cerca de 20% das sementes de tabaco e da planta Arabidopsis thaliana foram capazes de germinar de volta na Terra depois de 558 dias no espaço. No novo estudo, Tepfer e Leach decidiram ver exatamente quanta radiação essas sementes conseguem aguentar, ao bombardeá-las no laboratório com doses crescentes de luz UV, no exato comprimento de onda que causa o maior dano ao DNA. Eles também fizeram o diabólico experimento em sementes de glória-da-manhã, que são maiores, têm revestimentos mais grossos na semente e, sabe-se, resistem décadas no solo antes de germinar.
Acrescentar a glória-da-manhã ao experimento foi uma boa ideia. Em experimentos que duraram até 300 dias, quando a radiação foi aumentada até o limite, essas foram as únicas sementes que não queimaram. “Essa dose alta matou as sementes de Arabidopsis e tabaco, mas as sementes de glória-da-manhã germinaram normalmente e produziram plantas”, Tepfer disse.
É um sinal promissor de que certas sementes podem ter o que precisa para uma jornada interestelar, apesar dos resultados agora precisarem ser feitos no espaço também. Além de sua couraça protetora, Tepfer especula que as sementes de glória-da-manhã, podem ter “mecanismos para consertar componentes celulares essenciais, como DNA, RNA, ribossomos, membranas, etc”, mas mais trabalho é necessário para confirmar essa hipótese. Flavonoides, compostos também encontrados em chá verde e vinho, podem também aumentar a proteção contra raios UV natural da planta.
Minha primeira impressão quando li o estudo de Tepfer foi que isso é uma boa notícia para os humanos que procuram colonizar planetas como Marte, afinal de contas, se quisermos sobreviver a longo prazo, vamos precisar de plantas para nos fornecer comida e oxigênio. Tepfer não concordou, chamando a corrida a Marte de um “truque publicitário”. Em vez disso, ele sugeriu que as sementes podem nos ajudar a disseminar a vida (não humana) a planetas sem vida. Especialmente se nós aprendermos a lição da natureza para produzir sementes que virem protetores ainda melhores da vida.
“Imagine sementes em hibernação mandadas para exoplanetas para liberar vida microbiana ou os componentes necessários à vida”, ele disse. “Nós, humanos, devemos ficar na Terra e limpar a nossa bagunça. Porém, durante os anos em que a nossa espécie estiver viva e tecnologicamente competente, devemos aceitar o nosso papel de disseminadores da vida, talvez usando sementes de plantas carregadas de microorganismos.”
“Mas”, ele acrescentou, “nós precisamos começar logo, dada a nossa propensão à autodestruição”.
Imagem do topo: Michael Lucas / Flickr Creative Commons