Flor de alecrim e pó de mirra: cientistas recriam cosméticos do século 16
Alguns estudos não focam apenas em examinar o passado, mas também em entender prática como as coisas funcionavam. Pensando nisso, cientistas já trabalharam para recriar, por exemplo, receitas e até mesmo perfumes usados na antiguidade.
Esse é um dos objetivos do Beautiful Chemistry Project, um projeto gerido por pesquisadores da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia. Ao analisar manuscritos e receitas de cosméticos da época do Renascimento, os cientistas perceberam que os ingredientes usados também apareciam em produtos modernos.
A água de rosas, por exemplo, continua presente em hidratantes para a pele, enquanto o enxofre segue em produtos para a acne.
Pensando nisso, os cientistas resolveram feitas entre os séculos 16 e 18.
A primeira delas levava flores de alecrim embebidas em vinho branco, e prometia tornar o rosto mais bonito. As informações eram vagas, o que levou os cientistas a testarem diferentes medidas e procedimentos. A planta foi fervida tanto em soluções de vinho seco quanto em outras formadas por etanol e água.
Depois, a equipe aplicou no produto cromatografia gasosa e espectrometria de massa – duas técnicas usadas para analisar compostos em uma mistura. Dessa forma, encontraram diversos químicos utilizados hoje nos produtos para a pele, como cânfora calmante, eucaliptol e o fixador de fragrâncias linalol. Os cientistas acreditam que o antigo produto funcionava como um tônico e hidratante facial.
Uma segunda receita foi recriada a partir do pó de mirra (planta medicinal da espécie Commiphora myrrha) e claras de ovo. A mistura resulta em um tipo de soro com propriedades antissépticas e anti-inflamatórias. Além disso, parece estimular o crescimento de colágeno, proteína responsável por garantir firmeza e elasticidade à pele.
No futuro, a equipe australiana pretende testar novas receitas e, quem sabe, até levar as recriações para as prateleiras das farmácias. Ficarão de fora apenas os cosméticos com ingredientes peculiares ou perigosos, como os ácidos biliares e os cascos de bezerros. Afinal, até um caldeirão de bruxa tem seus limites.