FBI alerta que grupos conspiratórios da QAnon podem ficar ainda piores
Grupos com teorias conspiratórias cresceram nas redes sociais durante o governo de Donald Trump, mas não sumiram completamente e podem ficar ainda mais perigosos, segundo FBI.
Desde a saída de Donald Trump da presidência dos EUA, o grupo de teorias conspiratórias QAnon perdeu força nas redes sociais. Só que o FBI e o Departamento de Segurança Interna (DHS) do país alertam que esses perfis e comunidades não foram completamente extintos da internet. Pior: eles podem voltar ainda mais violentos. O aviso, inclusive, foi enviado ao Congresso americano.
De acordo com a , uma avaliação não classificada de ameaça do FBI enviada aos membros do Congresso na semana passada, intitulada “Aderência à Teoria da Conspiração QAnon por alguns extremistas violentos domésticos”, avisa que alguns adeptos da QAnon podem estar cansados de servir como “soldados digitais” e, em vez disso, levarem o caos e violência para o mundo real.
Alguns dos participantes mais veementes do movimento agora acreditam que “não podem mais confiar no plano” estabelecido por seu misterioso representante, conhecido apenas como “Q”.
“A participação de alguns extremistas violentos domésticos (DVE), que também se identificam como adeptos da QAnon no violento cerco do Capitólio dos EUA em 6 de janeiro, ressalta como o ambiente atual provavelmente continuará agindo como um catalisador para que alguns comecem a aceitar a legitimidade de ação violenta”, alertou a avaliação de ameaças do FBI.
“O FBI prendeu mais de 20 adeptos autoidentificados da QAnon que participaram do ataque ao Capitólio em 6 de janeiro. Esses indivíduos foram acusados de entrada violenta e conduta desordenada em um prédio restrito e obstrução de um processo oficial, de acordo com documentos judiciais e reportagens da imprensa com base na documentação do tribunal, declarações públicas e postagens nas redes sociais”, complementa o órgão federal.
De acordo com a , os advogados de alguns dos supostos manifestantes da QAnon tentaram retratar seus clientes como cidadãos crédulos, em vez de aspirantes a rebeldes. Christopher Davis, advogado de um dos acusados, escreveu que seu cliente foi enganado por “pessoas muito inteligentes, que eram excepcionalmente equipadas com pouca, se alguma, consciência moral ou social”.
Teorias de todo o tipo
As de grupos QAnon vão desde grupos que acreditam no terraplanismo e anti-semitas até cristãos evangélicos e pessoas que acreditam em viagem no tempo. Eles ganharam ainda mais popularidade durante o governo anterior nos Estados Unidos justamente porque o “Q” se refere a um suposto indivíduo que seria ligado ao alto escalão da administração Trump nos últimos quatro anos. Esse “informante” suspeito seria o responsável por espalhar e dar força a tantas teorias. O sujeito Q alegou que Trump e os militares dos EUA estavam travando uma guerra secreta contra uma conspiração de satanistas canibais e estupradores de crianças que, por um acaso, seguindo eles, eram compostos de democratas e celebridades de Hollywood — o que não é verdade., obviamente Eventualmente, Q declarou que Trump lançaria uma repressão militar maciça chamada “a tempestade” contra o sindicato do mal, que envolveria prisões em massa e até execuções. As postagens se tornaram virais no Facebook e Twitter.
Nos últimos anos, vários seguidores do QAnon foram presos por crimes. Os grupos também estiveram envolvidos na tentativa de reverter os resultados das eleições de 2020 em um motim no Capitólio em 6 de janeiro, que resultou em mortes e no .
Embora o FBI e o DHS estejam alertando que a QAnon poderia mais uma vez provocar violência e perturbação, avisos semelhantes foram ignorados no passado. Uma elaborada rede nacional de escritórios de “centros de fusão”, que compartilham inteligência entre as polícias federal, estadual e local, na preparação para 6 de janeiro. Esses mesmos centros de fusão muitas vezes desempenharam um papel fundamental na repressão a protestos, como o movimento Black Lives Matter ou ambientalistas manifestando-se contra os oleodutos.