Os gigantes de redes sociais Facebook e Twitter divulgaram nesta semana suas respostas ao que eles caracterizaram como campanhas coordenadas de desinformação originárias da China – especificamente ligadas a manifestações pró-democracia em Hong Kong – que acreditam estar ligadas ao governo chinês.
O diretor de políticas de cibersegurança do Facebook, Nathaniel Gleicher, disse em um na segunda-feira (19) que a empresa removeu três grupos, cinco contas e sete páginas envolvidas em “comportamento não autêntico”, incluindo a publicação de conteúdo político em questões relacionadas a Hong Kong. O Twitter, por sua vez, disse que identificou que “estavam deliberada e especificamente tentando semear a discórdia política em Hong Kong, inclusive minando a legitimidade e as posições políticas dos protestos de rua”.
“Com base em nossas investigações intensivas, temos evidências confiáveis para sustentar que essa é uma operação coordenada pelo estado. Especificamente, identificamos grandes grupos de contas se comportando de maneira coordenada para amplificar as mensagens relacionadas aos protestos de Hong Kong”, disse o Twitter em um em seu blog. O Facebook informou que iniciou uma investigação depois de ser avisado pelo Twitter sobre suas próprias descobertas.
Tanto o Facebook quanto o Twitter estão bloqueados na China, e o Twitter observou que muitas das contas conseguiram acessar seus serviços usando VPNs. A companhia acrescentou, no entanto, que “algumas contas acessaram o Twitter a partir de endereços IP específicos desbloqueados originários da China continental”. O Facebook também afirmou que, embora alguns relatos pareçam mascarar suas identidades, a empresa identificou indivíduos ligados ao governo chinês.
“Estamos removendo essas páginas, grupos e contas com base no comportamento deles, não no conteúdo que eles postaram. Em todas essas remoções, as pessoas por trás dessas atividades se coordenavam e usavam contas falsas para se mostrarem de outra forma, e essa foi a base para nossa ação”, escreveu Gleicher, do Facebook. “Estamos fazendo progressos para erradicar essas violações, mas como dissemos antes, é um desafio contínuo”.
Os protestos de Hong Kong começaram em junho devido um projeto de lei que teria permitido que o governo semi-democrata de Hong Kong extraditasse os cidadãos para a China continental, que é governada pelo Partido Comunista do país. Esse projeto já foi arquivado, mas os manifestantes pedem que a diretora executiva de Hong Kong, Carrie Lam, retire totalmente a legislação. Eles também pediram a renúncia de Lam, o que ela recusou, bem como uma investigação sobre o uso da força pela polícia, a libertação de manifestantes detidos e outras demandas.
Anteriormente, foi revelado nesta semana que a Xinhua News, uma agência de notícias estatal na China, estava comprando anúncios em ambas as plataformas, Facebook e Twitter, em uma tentativa de manipular a percepção dos protestos de Hong Kong, muitos dos quais tentaram difamar os manifestantes e pediam pela restauração da “ordem”. No fim de semana, centenas de milhares de manifestantes pacíficos em Hong Kong pelo décimo primeiro fim de semana seguido.