Como o Facebook está repensando a infraestrutura online usada por um bilhão de pessoas
>>> Como é construída a parte do Facebook que ninguém vê
O Facebook vem encarando diretamente os problemas de engenharia em seus data centers, em parte devido ao seu tamanho: criando petabytes de dados. E como esses números só aumentam, o Facebook corre para construir a infraestrutura necessária. A empresa contratou arquitetos para projetar data centers inspirados em mobília modular, que podem ser montados de maneira mais rápida, barata e eficiente do que os convencionais; e está construindo fazendas eólicas para gerar a própria energia.
E temos, claro, os computadores dentro dos prédios. Eles são o sistema nervoso do segundo site mais acessado da internet (atrás só do Google), os neurônios básicos que mantêm o sistema inteiro estável e seguro. Essas máquinas são, sem dúvida, a parte mais importante de toda a operação e onde o Facebook se impõe. A empresa evita hardware comercial, preferindo montar suas próprias máquinas – e .Os cientistas malucos de hardware do Facebook
Armazenamento para o fim do mundo (ou 20 anos, o que vier primeiro)
Se você usa o Facebook, é bem provável que tenha enviado fotos ao site. Mas isso não significa que você as observe com frequência. Mais de 80% do tráfego do Facebook vem de apenas 8% das imagens no site – essas são as fotos “quentes”, geralmente envios recentes que ainda recebem visualizações. Mas a maioria das 240 bilhões de fotos do Facebook são “frias”, raramente acessadas – ainda assim, . Fotos “quentes” são armazenadas em discos rígidos que compõem o hardware mais convencional dentro de um data center. Mas e as fotos “frias”, imagens que ninguém acessa em anos? O Facebook ainda precisa arquivá-las – é parte do serviço que ele oferece –, mas não tem motivo para mantê-las em racks de discos rígidos, que são mais caros para resfriar e manter do que outras formas de armazenamento. Corddry e sua equipe tiveram outra ideia: por que não criar uma hierarquia de sistemas de armazenamento para manter as fotos “frias” em hardware mais barato e mais simples do que as fotos “quentes”?A solução normal para armazenamento frio é fita magnética: muitas outras empresas armazenam seus dados arquivados em fitas, cuja densidade de dados está sempre aumentando. Mas Corddry descreve a fita como “algo operacionalmente feio” e difícil de espalhar pelos quatro data centers do Facebook. Então ele foi atrás de outra solução para 92% das fotos que não são acessadas com frequência, e ficou surpreso ao descobrir que existe um crescente interesse pelo uso de discos Blu-ray para arquivamento.
Embora o Blu-ray tenha chegado na hora errada para os consumidores, ele ainda é uma tecnologia útil e bem poderosa: os discos aguentam flutuações na temperatura e umidade melhor do que os sensíveis discos rígidos, por exemplo, e costumam ter a garantia de 50 anos de armazenamento. Isso intrigou Corddry, e sua equipe no Facebook começou a . Eles firmaram parceria com uma empresa de robótica que os ajudou a construir um rack capaz de armazenar e acessar centenas de discos usando um braço robótico, e fizeram as contas para saber quando um rack do tipo custaria à operação. Seus Blu-ray não são apenas 50% mais baratos; eles usam 80% menos energia e são mais resilientes do que discos rígidos. E eles são mais seguros de uma forma mais conceitual. “Do ponto de vista do preço, é uma tecnologia bastante tentadora, mas ela também é muito boa em relação à diversidade”, diz Corddry. Diversidade se refere a quantos diferentes sistemas de armazenamento uma empresa usa – se uma delas falha ou se perde, é bom ter outro sistema distinto esperando para entrar em ação. E 50 anos de duração parece ser o suficiente. “Precisamos pensar a longo prazo em termos da durabilidade que damos aos nossos clientes”, diz Corddry. “Assim, o tempo de vida da tecnologia e a retenção dos dados são duas coisas diferentes.” Em outras palavras, em dez anos a tecnologia de armazenamento terá melhorado tanto que não fará sentido usar a engenhoca de Blu-rays que a equipe criou, mesmo que ela seja ótima hoje.O enigma do armazenamento a longo prazo
Isso nos leva ao coração do enigma que confronta o Facebook com outros gigantes da internet. Os dados que geramos crescem exponencialmente; no entanto, os sistemas capazes de armazená-los não evoluem a passos tão largos. As empresas, desafiadas pela necessidade de planejar uma infraestrutura no mundo real para todos esses dados, têm que escolher seus sistemas de armazenamento com cuidado, equilibrando custos e longevidade com um olho no que pode substituir seus racks em alguns anos. Nesse sentido, Corddry e sua equipe passam a parecer mais importantes do que apenas “os caras que fazem hardware para data centers”. Com inúmeros petabytes para armazenar, pequenas decisões sobre hardware passam a ser responsabilidades enormes. Isso explica por que sua equipe faz tudo, da análise da cadeia de suprimentos à impressão 3D. “A tecnologia evolui muito a cada ano, geralmente não é economicamente efetivo rodar um equipamento que tenha mais do que 10 ou 20 anos”, diz. “Ele ficará obsoleto em relação ao que podemos comprar no mercado na mesma época.” Já é possível ver esse tipo de atitude nos data centers do Facebook. Normalmente, utilizam-se baterias convencionais de carro como uma fonte de energia alternativa para manter os servidores rodando se a luz cair. No entanto, o Facebook evitava há muito tempo essas baterias de lítio por serem caras. Mas, após estudar profundamente como as baterias de lítio evoluíram nos carros elétricos na última década – incluindo viagens a fábricas de baterias – a equipe decidiu testar baterias menores, mais leves e mais caras. Assim, descobriu-se que elas eram na verdade mais baratas para o Facebook, porque reduziam a necessidade de cabines de armazenamento e outras infraestruturas para as baterias veiculares. Então, em vez de reagir às mudanças na tecnologia de armazenamento enquanto elas ocorrem, o Facebook toma uma posição ativa no desenvolvimento dessa tecnologia, o que transforma a equipe de hardware em um híbrido – uma mistura de analistas de mercado e engenheiros. E isso pode se refletir em outros serviços online, já que a rede social libera seus projetos internos de data center para todo mundo. O trabalho que eles fazem hoje talvez nem seja mais relevante daqui a dez anos; mas se as suas fotos – do Facebook ou qualquer outro serviço – ainda estiverem acessíveis em 2025, você já sabe a quem agradecer.Foto inicial: Fileiras de servidores em Prineville, Oregon/.