Você pode até não ter sentido, mas, em outubro do ano passado, a Terra foi atingida por uma supernova que explodiu a 1,9 bilhão de anos-luz de distância do nosso planeta. A rajada de raios gama da explosão que chegou na Terra foi forte o suficiente para danificar a nossa camada de ozônio. A revelação desse fenômeno foi feita nesta semana em um estudo publicado na revista .
O ozônio é essencial para a vida na Terra. Ele é capaz de filtrar a perigosa radiação ultravioleta do tipo B (UV-B) do Sol e de outras estrelas, nociva aos seres vivos. Por isso, a descoberta mostra o quão frágil é a proteção do nosso planeta e como uma explosão dessas pode afetar a vida no planeta.
Para estudar os efeitos da explosão de raios gama do ano passado na Terra, os cientistas procuraram sinais dos impactos da explosão no topo da ionosfera, a camada da alta atmosfera, a partir de dados de um satélite sismo-eletromagnético chinês.
Com isso, eles identificaram um salto no campo elétrico no topo da ionosfera há cerca de um ano. Isso é algo que se relaciona com o sinal de uma explosão de raios gama medido pelo Laboratório Internacional de Astrofísica da ESA (Agência Espacial Europeia).
Perigo invisível para a camada de ozônio
Após analisar os dados, os pesquisadores fizeram uma descoberta interessante. O campo elétrico aumentou à medida que os raios gama ionizaram as moléculas de ozônio e nitrogênio no alto da atmosfera. Uma vez ionizada, a camada de ozônio é incapaz de absorver qualquer radiação ultravioleta. Ou seja, a supernova conseguiu expor temporariamente a Terra a raios nocivos do Sol, além de outras fontes de radiação cósmica.
Apesar de teorizado antes, esta é a primeira vez que os cientistas provam que explosões cósmicas podem afetar a ionosfera. De acordo com o astrônomo do Instituto Nacional de Astrofísica de Roma e um dos autores do artigo, Pietro Ubertini, se a supernova tivesse acontecido mais perto da Terra, poderia ter causado um evento catastrófico.
Uma violenta e próxima explosão de raios gama poderia ser capaz de destruir a camada de ozônio estratosférico durante vários anos. Isso poderia causar, por exemplo, a extinção generalizada de múltiplas espécies de animais e plantas – para não mencionar os danos que poderia causar para a humanidade como um todo.
“Felizmente para nós, esta explosão de raios gama estava extremamente distante. Tornando os seus efeitos mais uma curiosidade científica do que uma ameaça”, disse Ubertini ao .