Por que o exército americano está apostando no smartphone modular do Google
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Um celular para qualquer situação
Certamente você já ouviu falar do Projeto Ara: desenvolvido inicialmente pela equipe ATAP da Motorola Mobility, ele visa criar as bases para um smartphone totalmente modular, que deve custar a partir de US$ 50. É uma tentativa realista para trazer à realidade o sonho dos PhoneBloks.
Um desafio profundo de engenharia
O Projeto Ara basicamente visa criar um equivalente de hardware para o Android, plataforma que vem permitindo um número quase infinito de possibilidades. Ele também aborda algumas das preocupações inevitáveis de segurança associadas a smartphones comuns – no caso, o fato de seus chips Wi-Fi e Bluetooth não poderem ser facilmente removidos.
Imagine um soldado em uma missão que precisa de apenas três coisas de seu smartphone. Primeiro, que ele se conecte com segurança ao rádio, para que seus colegas saibam onde ele está. Segundo, ter certeza que a bateria não vai acabar. E terceiro, uma tela multitoque que seja visível o suficiente sob o sol afegão durante o dia, e discreta o suficiente para não revelar sua posição ao inimigo durante a noite. Um smartphone comum teria dificuldade em fazer essas três coisas ao mesmo tempo. A duração da bateria é um problema, em parte, porque celulares gastam energia em funções das quais o soldado não precisa. A tela também é um desafio difícil, porque a melhor opção para luz solar não é necessariamente a melhor para a escuridão. Mas um celular Ara poderia resolver esses problemas: basta trocar entre telas OLED e e-ink quando necessário, e adicionar módulos extras para a bateria. Simples! Essas oportunidades têm riscos, no entanto. “Várias pessoas dizem que é loucura criar esse tipo de coisa para trocar módulos e aplicativos e tudo”, disse Janos Sztipanovits em minha visita recente a Vanderbilt. “Isso cria um desafio de engenharia muito profundo. Como posso manter tudo compatível, e garantir que tudo continue funcionando e não trave? É um problema difícil.”Mas engenheiros do ISIS, como Neema e Bapty, estão trabalhando nisso: a equipe deles ajuda a desenvolver padrões que tornariam os módulos do Ara totalmente “plug-and-play”, para adicioná-los e retirá-los sem reiniciar o dispositivo.
Um moonshot
O Projeto Ara é uma ideia atraente, mas o smartphone modular só existe na forma de um protótipo bem inicial. Quando perguntei sobre prazos para o Ara, um porta-voz do Google disse: “Estamos trabalhando para fazer um lançamento limitado no mercado em 2015”, como prometido.
O Ara é um “moonshot”, ou seja, um projeto do Google para o longo prazo – e a empresa tem vários desses. Por exemplo, há o carro autônomo e as lentes de contato que medem a glicose no sangue. E o projeto poderia receber bastante dinheiro para criar algo real, supondo que as forças militares mantenham seu interesse em um smartphone modular.
Mas após passar dois dias no ISIS, percebi que dinheiro é meio que a última coisa na mente desses caras. O lugar cheira fortemente a café porque os engenheiros trabalham incansavelmente durante o verão, tentando resolver este desafio de engenharia por ser uma inovação tecnológica, e porque é um quebra-cabeça difícil. Felizmente, parece que o Google terá uma forte ajuda para resolvê-lo.Imagens por Jim Cooke/Project Ara, Google e DARPA