Conforme as pessoas continuam a debater as causas de uma doença pulmonar grave associada ao vaping — e as ações necessárias para detê-la — as vítimas ainda estão morrendo. Na segunda-feira (16), oficiais de saúde no condado de Tulare, na Califórnia (EUA), que um morador morreu após desenvolver lesões nos pulmões relacionadas ao vaping. A morte marca a sétima fatalidade semelhante relatada até agora, entre centenas de casos documentados em metade do país.
Segundo as autoridades do condado de Tulare, a pessoa morreu no fim de semana, após semanas de tratamento médico para a condição, que agora é conhecida como lesão pulmonar associada ao vaping ou VAPI, na sigla em inglês. A identidade da pessoa não foi divulgada, embora se saiba que ela tinha mais de 40 anos e que tinha complicações de saúde subjacentes.
“Com tristeza, relatamos que houve a morte de um morador de Tulare County, suspeito de estar relacionado a lesão pulmonar grave associada a vaping”, disse Karen Haught, oficial de saúde pública do condado de Tulare, em comunicado divulgado na noite de segunda-feira.
O condado já documentou três casos locais de VAPI, embora a Califórnia, ao todo, tenha reportado 73 casos suspeitos, segundo o . Na semana passada, o CDC (Centro de Controle de Doenças dos EUA, órgão análogo à ANVISA no Brasil) disse que houve 380 casos de VAPI registrados nacionalmente em 36 estados e um território (uma estimativa anterior mais alta incluía possíveis casos que estavam sob investigação). Kansas, Illinois, Indiana, Minnesota e Oregon também relataram mortes, mas a Califórnia é o primeiro estado com mais de uma morte.
Pessoas com VAPI apresentaram sintomas como tosse, falta de ar e dor no peito, além de sintomas menos comuns, como náusea e vômito. Todos tinha um histórico recente de vaping. A maioria afirmou ter usado produtos que contenham THC ou maconha, como ceras e óleos ricos em THC, frequentemente adquiridos no mercado paralelo.
Apesar desse vínculo comum entre muitas vítimas, as autoridades de saúde relutam em atribuir a culpa a uma causa específica. Na declaração de Haught na segunda-feira, por exemplo, ela alertou que “qualquer uso de cigarros eletrônicos representa um possível risco para a saúde dos pulmões e pode potencialmente causar graves lesões pulmonares que podem até levar à morte”.
Parte desse ceticismo talvez seja justificado. Muitas das vítimas relataram usar produtos de nicotina e THC, enquanto cerca de um quinto relatou usar apenas nicotina. E, embora alguns estados tenham vinculado o uso de uma substância em particular — uma forma sintética e gordurosa de vitamina E, provavelmente capaz de causar pneumonia quando inalada — a quase todos os casos em sua área, não há nenhum vínculo consistente com qualquer produto químico ou produto produzido nacionalmente, segundo o CDC. Na morte que ocorreu no Oregon, acredita-se que a vítima tenha usado óleo de THC comprado em um loja de cigarros legalizado, e não em uma loja com produtos paralelos.
Mas críticos apontaram que as vítimas cujos sintomas foram associados apenas à nicotina podem relutar em admitir o uso de THC, principalmente se forem menores de idade ou moraram em estados onde a maconha recreativa ainda é ilegal. Alguns especialistas em saúde pública também criticaram o CDC e outras agências de saúde por assustar desnecessariamente os usuários de cigarros eletrônicos, por não serem mais claros sobre a ligação entre produtos ilegais de THC e a VAPI. Curiosamente, alguns usuários disseram que estão — uma opção quase certamente pior para manter a saúde dos pulmões a longo prazo.
Em resposta a esses casos, além de taxas crescentes de adolescentes usando cigarros eletrônicos ou vaporizadores, o presidente dos EUA, Donald Trump, recentemente propôs uma proibição de cigarros eletrônicos com sabor que são vendidos legalmente, seguindo propostas de vários estados e cidades que consideram estabelecer restrições locais. Alguns especialistas e médicos para prevenir futuros casos de VAPI, dizendo que é mais provável que os usuários comprem produtos de cigarro eletrônico no mercado paralelo — exatamente os produtos considerados mais perigosos.
O CDC, por sua vez, declarou efetivamente esses casos como uma emergência de saúde pública. Nesta semana, a — implementado pela última vez durante o furacão Florence em 2018 — para gerenciar sua resposta e coordenar com médicos e agências de saúde.