O dilema ético que pode ser crucial para o futuro dos carros autônomos
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Coletivo vs. individual
É fácil entender que o carro queira maximizar o número de vidas salvas – melhor poupar várias pessoas do que uma só. De fato, 76% dos entrevistados disseram apoiar um veículo programado para sacrificar um passageiro se isso significasse salvar a vida de dez pedestres.
Situações que envolvem danos inevitáveis iminentes: o veículo autônomo deve decidir entre (A) matar vários pedestres ou um transeunte, (B) matar um pedestre ou seu próprio passageiro, e (C) matar vários pedestres ou seu próprio passageiro. (J. Bonnefon et al, 2016)
Paradoxo
Infelizmente, não há nenhuma maneira conhecida de criar um algoritmo que concilie nossos valores morais e o compreensível desejo humano de não morrer. Patrick Lin, diretor do grupo Ética + Ciências Emergentes na California Polytechnic State University, diz que os humanos são muito inconstantes, e que nós nem sempre sabemos o que queremos. (Ele não esteve envolvido no estudo.) “O que nós acreditamos intelectualmente ser verdadeiro, e o que de fato fazemos, podem ser duas coisas muito diferentes”, diz Lin ao Gizmodo. “Os humanos são muitas vezes egoístas, mesmo que defendam o altruísmo. As fabricantes de automóveis, então, talvez não entendam plenamente este paradoxo humano ao oferecer inteligência artificial e robôs para nos substituir ao volante.” Lin também observa que nós trocamos segurança por outras conveniências o tempo todo. “Os humanos são notoriamente ruins em avaliar risco: eles dirigem depois de beber, usam o celular ao volante, ultrapassam o limite de velocidade, e assim por diante”, diz ele. “Se nós realmente nos preocupássemos em morrer, não entraríamos em um carro.” Ele acrescenta que, “ao pedir opiniões de pessoas comuns, o estudo coleta respostas desinformadas, e isso não é muito útil para resolver dilemas”. Lin reconhece, no entanto, que a opinião pública pode ser poderosa.Se um filme de Hollywood incorporasse no enredo um carro que dirige sozinho, mostrando como ele é prático e seguro, muitos ficariam convencidos. Ao mesmo tempo, um acidente causado por um veículo autônomo pode ser bastante danoso para a adoção da tecnologia, “então as fabricantes realmente precisam ter cuidado”.
Ética no volante?
Há quem acredite, no entanto, que esta questão de ética é secundária. “Isto se tornou um tema popular entre as pessoas que não trabalham nessa tecnologia”, diz Ragunathan Rajkumar, professor de engenharia elétrica e informática na Universidade Carnegie Mellon, . (Ele não esteve envolvido no estudo.) Rajkumar lembra que veículos autônomos não tomam decisões da mesma forma que humanos: eles levam principalmente em conta a velocidade, condições meteorológicas, condições da estrada, e a distância em relação a objetos ao redor. O desafio, então, é coletar e processar dados de forma rápida o suficiente para evitar uma situação perigosa; caso ela seja inevitável, Rajkumar acredita que o carro não vai decidir quem vive e quem morre.Chris Urmson, que comanda o projeto de carros autônomos do Google, disse recentemente que existe uma hierarquia para evitar impactos: o veículo evita ao máximo pedestres e ciclistas; depois, objetos em movimento na estrada; e, por fim, objetos estáticos.
[ via e ]Primeira imagem por Iyad Rahwan. Colaborou: Felipe Ventura.