Vida estressante nas cidades faz alguns pássaros envelhecerem mais rápido

Estudo mostra como chapim-reais que vivem na cidade envelhecem mais rápido que outros pássaros da mesma espécie que crescem no interior.
É difícil de acreditar, mas esses dois pássaros na imagem acima tem a mesma idade. A única diferença é que o da direita cresceu em um ambiente urbano. É uma observação que vem levantando questões sobre a saúde das aves e de outros animais urbanos – incluindo os humanos.

Pesquisadores da Universidade de Lund, na Suécia, que aves da espécie Parus major, comumente conhecidas como chapim-real, correm risco de morrer jovens quando vivem em ambiente urbano. O biólogo Pablo Salmón e sua equipe demonstraram que a exposição precoce ao ambiente urbano pode prejudicar o desenvolvimento normal dos pássaros – com efeitos potencialmente irreversíveis à expectativa de vida.

“Apesar de existirem algumas vantagens da vida na cidade grande, como o acesso mais fácil à comida, essas coisas estão sendo superadas pelas desvantagens, como estresse – ao menos em termos de quão rápido as células dos chapim-reais envelhecem,” disse Salmón. Quando diz em estresse, ele se refere a coisas como poluição sonora e visual, e a proximidade a humanos (além de gatos). Salmón descobriu com sua equipe que o comprimento dos telômeros nos chapim-reais urbanos é menor do que nos encontrados na natureza. Os telômeros estão localizados na ponta de cada filamento de DNA nos cromossomos do corpo, e eles podem ser descritos como uma espécie de marcador biológico de idade. Telômeros mais curtos implicam em expectativa de vida mais curta, tanto em humanos quanto nessas aves. O estudo mostra que o ambiente no qual a ave cresce pode determinar o tamanho dos telômeros de maneira bastante profunda. Os pesquisadores estudaram um grupo de pássaros relativamente próximos. Metade das aves cresceu na cidade de Malmö, na Suécia, enquanto a outra metade cresceu no interior. Depois de apenas duas semanas, a diferença no tamanho do telômero dos dois grupos já era bem perceptível. Normalmente a genética determina o comprimento do telômero, mas esse estudo mostrou pela primeira vez que crescer em um ambiente estressante pode impactar nisso.

“O impacto que a urbanização tem na vida selvagem precisa ser muito mais estudado, ou não conseguiremos entender as ameaças que as aves estão expostas em ambientes urbanos, e não poderemos fazer nada em relação a isso,” diz Salmón. “Nossos resultados também levantam questões sobre o envelhecimento de outros animais afetados pela urbanização, como os humanos.” O estudo destaca a necessidade de novos estudos para avaliar os impactos do estresse urbano em outras populações. Seria interessante saber se o comprimento dos telômeros em humanos também é afetado por fatores similares, por exemplo. No entanto, é bom lembrar que apenas uma espécie de ave foi estudada. Outros pássaros, como pombos, parecem viver bem em ambientes urbanos, e o mesmo vale para animais como os guaxinins. O problema, pelo jeito, pertence a animais que estão perdendo o habitat natural e não se dão tão bem na cidade.

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