Estudo encontra microplásticos em coração humano pela 1ª vez

Partículas que têm menos de 5 milímetros de largura foram encontradas após cirurgia de coração, o que acende alerta para médicos
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Imagem: Jr Korpa/ Unsplash/ Reprodução

Em um estudo com pacientes de cirurgia cardíaca, cientistas descobriram microplásticos em tecidos do coração. A pesquisa foi publicada pela e também identifica evidências de que essas partículas foram introduzidas durante os procedimentos.

Os microplásticos são pedaços de plástico com menos de 5 milímetros. Em geral, pesquisadores têm encontrado essas partículas em diversos lugares: na água, no ar, em alimentos e até em partes do corpo humano. 

O que surpreendeu os cientistas envolvidos neste estudo foi a presença desses fragmentos em órgãos internos. Por não estarem diretamente expostos ao ambiente, o contato deles com microplásticos ainda é pouco explorado

O que descobriu o estudo

Durante a pesquisa, Kun Hua e Xiubin Yang, que assinam a pesquisa, coletaram amostras de tecido cardíaco de 15 pacientes submetidos a cirurgias do coração. Também tiraram amostras de sangue pré e pós-operatórias de metade dos participantes. Por fim, eles analisaram cada uma através de imagens infravermelhas a laser.

A análise das amostras encontrou de dezenas a milhares de microplásticos. Entre elas, pode-se identificar partículas de oito tipos de plásticos, incluindo polietileno tereftalato, cloreto de polivinila e poli(metacrilato de metila). Elas tinham de 20 a 500 micrômetros em largura, com variações nas quantidades e materiais entre os pacientes.

Os autores observaram que as amostras de sangue pré e pós-operatórias também continham partículas de plástico — algo, provavelmente, ligado à alimentação. Porém após a cirurgia, o tamanho médio dessas plásticos diminuiu, e os tipos de partículas eram mais variados. 

Dessa forma, os pesquisadores concluíram que que os procedimentos médicos invasivos, como as cirurgias, tornam-se uma via perigosa e negligenciada de exposição a microplásticos. Justamente por serem invasivos, eles permitem o acesso direto das partículas de plástico à corrente sanguínea e aos tecidos internos. 

Vale notar que o estudo teve uma quantidade de participantes pequena. Por isso, mais pesquisas são necessárias para compreender os efeitos completos dos microplásticos no sistema cardiovascular e sua influência na recuperação após cirurgia cardíaca.

Bárbara Giovani

Bárbara Giovani

Jornalista de ciência que também ama música e cinema. Já publicou na Agência Bori e participa do podcast Prato de Ciência.

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