Novo estudo reforça que o seu cachorro entende o que você fala — e ainda se esforça para aprender

Se você gosta de cachorros e já suspeitou que seu amigo de quatro patas sabe exatamente o que você quer dizer quando você usa certas palavras ou frases — por exemplo, “brinquedo”, “carro” ou mesmo “vamos passear?” —, talvez você esteja certo. • Um cachorro consegue entender cães e humanos de outro país? • O […]

Se você gosta de cachorros e já suspeitou que seu amigo de quatro patas sabe exatamente o que você quer dizer quando você usa certas palavras ou frases — por exemplo, “brinquedo”, “carro” ou mesmo “vamos passear?” —, talvez você esteja certo.

• Um cachorro consegue entender cães e humanos de outro país?
• O que diz a última pesquisa sobre por que os cães comem seu próprio cocô

Um novo estudo conduzido por cientistas da Universidade Emory, nos Estados Unidos, e publicado na segunda-feira (15) no periódico  sugere que cães possuem uma compreensão básica das palavras que lhes foram ensinadas a se associar com objetos. Depois de treinar 12 cachorros de diferentes raças ao longo de dois a seis meses para discernir entre dois brinquedos com base em seus respectivos nomes, os pesquisadores então utilizaram imagem por ressonância magnética funcional para estudar se eles possuíam a capacidade básica de diferenciar a fala humana que lhes foi ensinada a lembrar e palavras novas ou desconhecidas. “Muitos donos de cachorros pensam que seus cães sabem o que algumas palavras querem dizer, mas não existe muita evidência científica de fato para apoiar isso”, disse Ashley Prichard, candidata a um doutorado no Departamento de Psicologia da Universidade Emory e primeira autora do estudo, em um comunicado. Mas em vez de simplesmente confiar na palavra de alguém de que seu cão é , os pesquisadores optaram por “obter dados dos próprios cães”. Para diferenciar os dois objetos de treinamento usados para cada cachorro, os pesquisadores escolheram tanto um objeto macio quanto um de textura diferente; por exemplo, um bichinho de estimação e um brinquedo de apertar. Usando o que o estudo descreve como “Protocolo de Caçador”, os cães foram treinados a buscar os objetos com base nos nomes dos objetos (por exemplo, “porquinho” contra “macaco”). Os cães então recebiam recompensas em forma de guloseimas e elogios por associar corretamente um objeto com seu respectivo nome.

Os donos dos cães que participaram do estudo trabalharam com eles para identificar cada objeto por aproximadamente dez minutos por dia até que eles “mostrassem a capacidade de distinguir entre o objeto treinado e o novo objeto, momento no qual eles progrediram para um treinamento de discriminação entre os dois objetos treinados”.

Os cães e seus objetos treinados. Imagem: Gregory Berns, Universidade Emory (Frontiers in Neuroscience)

Durante o teste de imagem por ressonância magnética funcional, os donos primários dos cães foram posicionados na frente dos animais durante a abertura da máquina. Os quatro tipos de testes utilizados para o estudo incluíram (objetos) esperados, inesperados, pseudopalavras e recompensas, todas apresentadas de forma semialeatória. Por exemplo, durante os testes de objetos esperados, os donos disseram o nome do objeto que um filhote havia treinado para lembrar cinco vezes, a uma velocidade de uma vez por segundo, antes de mostrar o objeto ao cão. Para os testes de objetos inesperados, os donos repetiam o nome do objeto treinado, mas mostravam aos cachorros um novo objeto que eles não tinham sido treinados para reconhecer (como uma boneca Barbie, um apito de trem de madeira ou um chapéu amarelo). E, nos testes com pseudopalavras, os donos dos cães repetiam palavras sem sentido — por exemplo, “Thozz”, “sowt”, “bodmick” e “stru”, todas selecionadas usando um gerador de pseudopalavras — antes de mostrar os novos objetos para os cachorros. Em comparação com, esse estudo é empolgante porque se concentra em saber se os cães conseguem entender a fala humana, em vez de palavras combinadas com entonação e/ou gestos, disse o neurocientista Gregory Berns, da Universidade Emory, um dos autores do estudo. “Sabemos que os cães têm a capacidade de processar pelo menos alguns aspectos da linguagem humana, já que conseguem aprender a seguir comandos verbais”, afirmou. “Pesquisas anteriores, no entanto, sugerem que os cães podem contar com muitas outras pistas para seguir um comando verbal, como olhares, gestos e até mesmo expressões emocionais de seus donos.” Se você está se perguntando como essas pessoas conseguiram fazer seus cães entrarem na máquina de ressonância magnética, todos os 12 cães haviam participado de treinamento para outros experimentos com ressonância magnética. Mas esses cães “demonstraram a capacidade de permanecer imóveis durante o treinamento e a examinação”, destacando mais uma vez o quão bons garotos eles eram. Os pesquisadores observaram que os cães demonstraram uma maior ativação cerebral em resposta às palavras inventadas do que àquelas que eles haviam sido treinados para reconhecer. As áreas do cérebro em que os cães mostram atividade neural aumentada foram diferentes entre cães de diferentes raças, mas os pesquisadores disseram que isso poderia ser atribuído às diferenças em tamanho e formato dos cérebros dos cães de acordo com sua raça e capacidades cognitivas. Curiosamente, a maneira como os cães reagiram às palavras novas foi contrária a como os cérebros humanos reagem a palavras que eles não conhecem. “Esperávamos ver que os cães discriminavam neuralmente as palavras que eles conheciam e as que eles não conheciam”, disse Prichard. “O que é surpreendente é que o resultado é o oposto das pesquisas com humanos — as pessoas normalmente mostram maior ativação neural para palavras conhecidas do que para palavras novas.” Por fim, os pesquisadores acham que os cães talvez respondam a palavras novas dessa maneira porque eles sabem que queremos que eles nos entendam. E, portanto, eles querem nos agradar — ou talvez, como disse Berns, “querem receber elogios ou comida”.

Aí está. Mais provas de que, embora comam seu próprio cocô, os cães ainda são bons garotos.

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Imagem do topo: Gregory Berns, Universidade Emory (EurekAlert)

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