Ciclo de caos: gás metano é 4 vezes mais sensível às mudanças climáticas
Durante a pandemia de Covid-19, as emissões globais de dióxido de carbono (CO2) caíram 6,3% –o maior declínio absoluto já visto na história. Cientistas esperavam que a presença do gás metano na atmosfera seguisse a mesma tendência, mas não foi o que aconteceu.
Na verdade, os níveis do poluente aumentaram!
Diante desse cenário, pesquisadores da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura, resolveram investigar. Após análises, a equipe descobriu que o metano é quatro vezes mais sensível ao aquecimento global do que se pensava anteriormente.
De primeira, a informação acima pode parecer confusa, mas faz sentido quando você entende alguns mecanismos ambientais. Vamos lá: existe na atmosfera compostos conhecidos como radicais hidroxila (OH).
O radical hidroxila é considerado por pesquisadores como o detergente da atmosfera, pois ele limpa o ambiente ao reagir com gases nocivos. O metano e o monóxido de carbono, por exemplo, são algumas das vítimas.
Agora, vamos ao problema: o monóxido de carbono, liberado por incêndios florestais, leva em média três meses para reagir com o OH. Enquanto isso, o metano pode demorar até uma década. O aumento das queimadas faz com que o detergente natural tenha que lutar ainda mais para arrumar o estrago do monóxido de carbono, deixando o metano em segundo plano.
Sem a remoção do metano, ele fica acumulado no ambiente, o que gera um ciclo de caos, em que o gás é causa e também sofre as consequências do aquecimento global. O estudo completo foi publicado na revista .
Cerca de 60% do metano presente no ambiente vêm de fontes antropogênicas, como pecuária, extração de combustíveis fósseis e aterros sanitários. Diminuir tais emissões é o primeiro passo para mitigar o problema. A prevenção de incêndios florestais e queima de biomassa também entra como fator primordial para reduzir as taxas do poluente na atmosfera.