Estudo americano vai a fundo e aponta o grande vilão das fake news
Uma análise da USC (Universidade do Sul da Califórnia), nos Estados Unidos, derrubou equívocos sobre a disseminação de fake news nas redes sociais. Segundo o , publicado em dezembro, a estrutura das plataformas é o grande vilão e a principal responsável pela desinformação online.
A pesquisa derruba o senso comum de que os usuários que espalham notícias falsas não têm pensamento crítico ou o julgamento distorcido pelas crenças políticas. O que motiva os usuários a propagar desinformação é o sistema de recompensas das mídias sociais.
A atenção que os usuários recebem ao propagar notícias falsas ou sensacionalistas só alimenta o engajamento de suas redes. Isso os incentiva a postar e compartilhar com mais frequência, especialmente os conteúdos mais polêmicos.
Com o tempo, fica difícil revidar desse hábito. “Depois que os hábitos se formam, o compartilhamento é ativado automaticamente por dicas na plataforma, sem que os usuários considerem os resultados, como a disseminação de desinformação”, diz o estudo.
O levantamento incluiu 2.476 usuários do Facebook com idades entre 18 e 89 anos. Ao questioná-los, os pesquisadores descobriram que o acesso dos usuários às redes sociais dobraram e, em alguns casos, triplicaram à medida que aumentava a quantidade de fake news que compartilhavam.
Hábito é mais forte
O hábito de acessar a rede foi mais influente no compartilhamento de notícias falsas que outros fatores, como crenças políticas e falta de raciocínio crítico. Só 15% das pessoas assíduas nas redes foram responsáveis por espalhar de 30% a 40% das notícias falsas.
“No passado, os algoritmos das redes recompensavam o comportamento que prioriza o engajamento ao selecionar quais postagens os usuários veem em seu feed de notícias e pela estrutura e design dos próprios sites”, explicou Ian Anderson, um dos autores do estudo.
Com base em experimentos, o estudo concluiu que é possível evitar o compartilhamento habitual de desinformação. Isso é possível a partir do incentivo da criação de hábitos que tornem os usuários mais sensíveis ao compartilhamento de conteúdos verdadeiros, apontou a análise.
Outra conclusão é que a redução efetiva da desinformação exige uma reestruturação dos ambientes online que “promovem e apoiam” esse compartilhamento. Na prática, o levantamento sugere que as plataformas de redes sociais, como Facebook, TikTok e Instagram, podem fazer mais para moderar e limitar a cultura de desinformação.