Observar o centro da Via Láctea não é uma tarefa fácil. Um aglomerado de estrelas densamente compactado, conhecido como aglomerado S, acaba bloqueando a visão na maior parte do tempo. Por causa dessa névoa de gás e poeira, os cientistas têm dificuldade em explorar o buraco negro Sagitário A*, que fica nessa região, e tudo que o circunda.
Mas às vezes, como uma pessoa alta no cinema, o aglomerado S se curva para beber seu refrigerante, permitindo a visualização da tela cheia. Foi durante esses intervalos que pesquisadores da Universidade de Colônia, na Alemanha, e da Universidade Masaryk, na República Tcheca, conseguiram descobrir uma estrela que orbita o buraco negro.
Estamos falando da S4716, que assumiu o recorde de estrela mais rápida já detectada. De acordo com os cientistas, ela viaja a 8 mil quilômetros por segundo (!). Seria possível atravessar o Brasil de ponta a ponta nessa velocidade. Mas a estrela leva quatro anos para dar uma volta completa ao redor do Sagitário A*.
Os astrônomos usaram, no total, cinco telescópios para estudar a estrela. Quatro deles trabalharam em conjunto, formando um grande observatório. Os resultados foram publicados na revista científica .
De acordo com os pesquisadores, encontrar um estrela em órbita estável tão próxima a um buraco negro supermassivo foi algo completamente inesperado. Para se ter uma ideia, ela está a apenas 100 UA (unidades astronômicas) do buraco negro, o que é considerado pouco em escala astronômica.
Esses astros não se formam com facilidade perto de buracos negros. Isso significa que a estrela teve que se mover até aquele ponto, provavelmente trombando com outras estrelas e objetos no aglomerado S, até ter sua órbita diminuída.