A possibilidade de congelar uma pessoa parece trama de ficção científica e talvez por isso a criogenia atraia tanto a atenção das pessoas. O tema já foi assunto de novela — “O Tempo Não Para”, da Globo — e de diversos filmes, como “Oxigênio” e “Contornando o Tempo”, da Netflix.
Embora o imaginário das pessoas sobre a criogenia leve a pensar sobre o uso das baixas temperaturas para congelar corpos e possibilitar uma vida após a morte, a criogenia vai muito além disso.
Em agosto, por exemplo, o Fantástico exibiu uma reportagem sobre o trabalho do zootecnista Leandro Godoy na criação de um . Ele utilizou as baixas temperaturas para preservar as células dos invertebrados marinhos.
Hoje, a criogenia também é utilizada na preservação de embriões e células-tronco, além de auxiliar no estudo de tratamentos para o câncer. Confira que narram a evolução da técnica na história da ciência.
1819: Criogenia e tumores
James Arnott, um médico inglês, começou a utilizar temperaturas extremamente baixas para destruir tecidos. Por isso, é até hoje considerado como um dos precursores da crioterapia.
Em 1819, ele usou a técnica para congelar tumores mamários e uterinos de pacientes que estavam em tratamento de câncer.
Além disso, em 1845, o inglês realizou a primeira criocirurgia, induzindo tumores a morte programada. Até hoje, a crioterapia é usada para este tipo de situação.
1965: Criogenia pós morte
Parece tema de debate atual, mas o congelamento de um corpo após sua morte já era cogitado desde a década de 1960. Foi neste período que aconteceu a primeira tentativa, que falhou.
O corpo era de Wilma Jean McLaughlin, uma mulher que morreu por problemas cardíacos e cujo cadáver foi doado por seu marido a uma empresa que se ofereceu para congelá-lo gratuitamente.
No entanto, a The Life Extension Society alegou problemas técnicos e o plano deu errado. Anos depois, a empresa conseguiu fazer seu primeiro congelamento humano.
1967: O primeiro ser humano congelado
Depois de algumas tentativas, finalmente um ser humano foi congelado criogenicamente. O feito aconteceu em 1967 e o corpo era de James Hiram Bedford. Ele acreditava fielmente que isso poderia ajudá-lo a voltar à vida algum dia.
Por isso, deixou cerca de US$ 100 mil (quase R$ 500 mil, em conversão direta) para pesquisas na área da criogenia. Até hoje, seu corpo está armazenado em centros de preservação – atualmente, está na Alcor Life Extension Foundation.
1972: A primeira criança congelada
Apenas cinco anos depois de congelar o primeiro adulto, pesquisadores conseguiram também congelar a primeira criança criogenicamente. Geneviève de la Poterie faleceu aos oito anos de idade por um câncer renal.
Contudo, a The Life Extension Society executou o procedimento de maneira errada, o que diminuiu a extensão da preservação do corpo.
1983: O primeiro embrião congelado
Depois do sucesso em congelar corpos humanos, a criogenia cresceu na área de congelamento de células. A ideia era preservar tecidos e utilizar a técnica para auxiliar no tratamento de algumas doenças.
Em 1983, quando a criogenia já era bastante conhecida, pesquisadores da Monash University, na Austrália conseguiram congelar um embrião humano. A universidade foi precursora na pesquisa que desencadeou a técnica de fertilização in vitro que é utilizada até hoje.