Essas pessoas ganharam um “dedo robótico extra” e seus cérebros entenderam como parte do corpo
Como funcionou o experimento
Os participantes foram treinados e utilizaram os dispositivos para realizar uma variedade de tarefas, como construir uma torre de blocos, manipular várias bolas simultaneamente ou mexer uma xícara de café com uma colher. Eles até conseguiram realizar algumas dessas tarefas com os olhos vendados ou distraídos com problemas matemáticos.
“O terceiro polegar é uma extensão de polegar impressa em 3D flexível para sua mão, controlada por seus pés”, disse Clode, um designer da UCL. O uso de pés pode parecer estranho, mas Clode o comparou a dirigir um carro, usar uma máquina de costura ou tocar piano — atividades que envolvem o uso de pedais.Os participantes tiveram acesso ao dispositivo por cinco dias, e seus cérebros foram examinados antes e depois do experimento. Eles aprenderam rapidamente e o incorporaram em suas rotinas diárias, usando-o entre duas e seis horas por dia. Ao final dos testes, “alguns de nossos participantes até relataram que começaram a sentir que o polegar estava se tornando parte de seus corpos”, disse Clode. “Também ficamos surpresos ao ver pessoas formando laços tão fortes com o polegar.” Alguns participantes “precisaram de um pouco de tempo para se despedir” da prótese, e alguns até disseram que sentiam que “estava faltando alguma coisa após o término do treinamento”, acrescentou ela.
No córtex cerebral, “cada dedo individual é representado distintamente dos outros, formando o que chamamos de representação da mão”, explicou Kieliba. Depois de usar o dispositivo, essa representação da mão encolheu no cérebro dos participantes, na medida em que os padrões de atividade neural correspondentes aos dedos individuais se tornaram menos distintos e mais semelhantes.
Ao mesmo tempo, os cientistas observaram evidências de plasticidade cerebral ao estudar como as próteses são representadas nos cérebros de usuários, acrescentou Makin. A plasticidade cerebral pode ser entendida como um “processo bidirecional”, no qual o cérebro vai adaptar tanto a representação da prótese quanto o corpo do usuário para melhorar a adaptabilidade, disse ela. Olhando para o futuro, a equipe gostaria de desenvolver um terceiro polegar que seja fácil de usar ao caminhar (um problema com o design atual) e também uma prótese que seja segura para usar em um scanner fMRI, o que permitiria um estudo do cérebro enquanto dispositivo está em uso.