Os traços dos tremores: uma breve história da escala Richter
No estudo dos desastres naturais — sejam eles tornados, furacões, nevascas ou idas ao shopping em véspera de Natal —, a magnitude de um evento é vital para compreender sua duração e frequência. Furacões e tornados são medidos em classes, enquanto nevascas são demarcadas . Terremotos, por outro lado, são medidos pela quantidade de energia que liberam — um sistema mais conhecido como escala Richter.
Como funciona
Conhecida oficialmente como escala de magnitude local, a escala Richter é usada para medir a força de um tremor e expressá-la em um número que indique sua magnitude relativa. O sistema opera em escala logarítmica de base 10, medindo a amplitude das ondas sísmicas gravadas num sismógrafo. Sismógrafos básicos, ou sismômetros, usam uma massa inercial amortecida, que fica estática no lugar em relação ao resto do instrumento (pense num pêndulo suspenso sobre uma superfície de gravação). Este peso, devido a sua inércia, tem menos tendência a sair do lugar quando o chão treme, o que permite que os sismólogos possam medir o movimento do chão, comparando o movimento da estrutura versus o do peso em três eixos — norte-sul, leste-oeste e vertical.Como se trata de uma escala logarítmica, cada número adicional na escala denota uma magnitude dez vezes maior — isto é, um tremor de 5,0 na escala Richter é dez vezes maior, além de liberar 31,6 vezes mais energia cinética, que um medindo 4,0. A energia liberada dobra a cada 0,2 pontos na escala. Ilustrando: um onda sísmica de 1,0 é tão forte quando detonar 170 gramas de TNT, enquanto uma de 8,0 é tão poderosa quanto detonar 6 milhões de toneladas de TNT.
A escala de Richter
O início do século XX foi um período empolgante e espantoso para a sismologia. No ano de 1906, Richard Dixon Oldham identificou pela primeira vez as partes independentes de um terremoto — ondas P, ondas S e ondas de superfície — e um tremor de 8,0 destruiu grande parte de San Francisco. Quatro anos depois, Harry Fielding Reid lançou as bases da tectônica moderna, com sua “teoria da recuperação elástica”, baseada no estudo daquele terremoto. Em 1935, Charles Richter e Beno Gutenberg, do California Institute of Technology, desenvolveram um método de medir a intensidade de um terremoto: a escala de magnitude local (ML).Melhorias na escala
Na década de 1970, nosso entendimento de sismologia tinha avançado o suficiente para Richter e Gutenberg repensarem o sistema local de escala. A dupla desenvolveu a nova escala Ms de magnitude, baseada em ondas de superfície, que se movem como ondas d’água ao longo da superfície da Terra, e a escala mb para ondas de corpo, aquelas que se movem pelo interior da Terra. Como ambas ondas podem ser medidas a mais de 100km do epicentro, nenhum dos dois métodos tem as mesmas limitações de distância da escala ML, embora elas precisem de ajustes para que se possa obter resultados consistentes. Como estas duas escalas ainda não eram perfeitas, já que chegavam até a magnitude 8, foi desenvolvida a escala de magnitude de momento, Mw. Muita gente se refere incorretamente a ela como escala Richter, mas suas bases vêm de uma teoria tectônica diferente — a do , publicada pela primeira vez por F. A. Dahlen em 1972, que postula que a energia liberada por um tremor é proporcional à área de superfície que se solta, à distância média do deslocamento (quanto a falha se move) e à estrutura do terreno que cerca a falha. Isto é, a magnitude é derivada da rigidez da Terra vezes a quantidade de deslize da falha vezes a quantidade de área que se mexeu. Este sistema é baseado em anos de leituras sísmicas e marcou um avanço enorme na nossa compreensão do tema. A USG (US Geological Survey) mede todos os grandes terremotos usando essa escala.[Wikipedia , , – – – – – Imagem do topo: AP
Imagens: topo: AP Images, pêndulo: / shutterstock, Richter: US State Dept]