O que é o ebola, e por que uma epidemia global é muito menos provável do que você imagina

Durante meses, a terrível epidemia de ebola devastou centenas de vidas na África. Ainda assim, ela estava contida em apenas três países. No entanto, um americano infectado foi transportado para os EUA, e outra será levada em seguida. É a primeira vez que o país – e o continente americano – recebem alguém com o […]
Durante meses, a terrível epidemia de ebola devastou centenas de vidas na África. Ainda assim, ela estava contida em apenas três países. No entanto, um americano infectado foi transportado para os EUA, e outra será levada em seguida. É a primeira vez que o país – e o continente americano – recebem alguém com o vírus. E de propósito! Teve gente com medo, teve gente indignada – mas contrair o vírus é mais difícil do que você imagina.

A febre ebola é bastante letal se você a contrair: nesta epidemia mais recente, 55% dos infectados morreram. E não há cura, apenas vacinas e soros experimentais. Isso pode assustar, mas a chance do ebola se espalhar – seja nos EUA, seja no Brasil – é tão incrivelmente baixa que isso é quase uma impossibilidade.

Ainda preocupado? Então vamos dar uma olhada em como o ebola se espalha, e na tecnologia existente para impedir isso.

O que é ebola

A febre hemorrágica ebola é uma doença causada pelo vírus ebola. Ela causa sintomas como febre, dor de cabeça, dores nas articulações, perda de apetite, dificuldade em respirar e inflamação na garganta. Nos estágios avançados, é comum haver diarreia, vômitos e sangramentos internos. A doença apareceu pela primeira vez em 1976, no Sudão e no atual Congo, em uma vila próxima ao rio Ebola – daí seu nome. Acredita-se que o vírus foi transmitido à população humana por morcegos-da-fruta, após contato direto de pessoas com o sangue, secreções ou órgãos de animais infectados.

Como o vírus ebola é transmitido

Ao contrário do vírus da gripe, o ebola não sobrevive bem fora do corpo. Ele só pode se espalhar através do contato direto com fluidos corporais, geralmente sangue ou fezes – algo que a maioria das pessoas tende a evitar. O ebola também não é contagioso durante o período de incubação, que dura 21 dias. Ou seja, você só pode pegar o vírus de pessoas que já aparentam estar doentes. Sim, os sintomas são vagos e semelhantes à gripe, mas enquanto você evitar o tipo errado de contato com alguém que esteja visivelmente doente, não haverá problemas. Como o ebola só pode ser transmitido dessa forma, as pessoas com maior risco de contrair a doença são funcionários de hospital e os familiares de pacientes. De fato, vários médicos e enfermeiros na África ficaram doentes após cuidarem de pacientes de ebola. (Profissionais de saúde na região por medo da doença.) Mas os EUA têm instalações e equipamentos avançados para proteger os funcionários, então levar dois pacientes representa um risco mínimo.

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Por que aconteceu uma nova epidemia na África

A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que, desde fevereiro, o ebola já matou 729 pessoas na África e infectou outras 1.323, especialmente em Guiné, Libéria e Serra Leoa. A doença nunca matou tantas pessoas antes, e acredita-se que práticas sociais e culturais estão ajudando a propagar o vírus. Em geral, as pessoas infectadas – os hospitais não têm funcionários o bastante para cuidar dos pacientes – e preferem recorrer a curandeiros. Quando chegam ao hospital, os pacientes geralmente já estão em estágio avançado da doença – na qual a taxa de mortalidade chega a 90% – e raramente saem vivos, aumentando a desconfiança quanto ao tratamento. Pior: a tradição para sepultar os mortos nessas comunidades envolve tocar no defunto ou banhá-lo, ajudando a doença a se propagar. Médicos recomendam que os familiares não cuidem da pessoa infectada, e não sigam essa tradição caso ela venha a falecer, mas os habitantes não confiam neles. Na verdade, algumas comunidades acreditam que a doença é transmitida pelos médicos que chegam à região para ajudar.

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O que está sendo feito para conter a epidemia

, “a única maneira de conter o surto é isolar cada paciente infectado, rastrear todos os seus contatos, isolar os que ficarem doentes e repetir o processo até que, finalmente, não haja mais casos”. A Libéria fechou a maior parte das suas fronteiras por terra, e diz que testará todos os passageiros do aeroporto internacional de Monróvia por sinais da doença. O país também fechou as escolas, colocou os funcionários públicos não-essenciais em licença compulsória de 30 dias e pediu o envio de forças de segurança para combater o surto. Serra Leoa, por sua vez, decretou estado de emergência: prometeu colocar os epicentros da doença em quarentena, e vai revistar casas para encontrar pessoas infectadas. Libéria, Serra Leoa e Guiné fecharam o acesso a suas fronteiras em comum – são países vizinhos. A Nigéria só teve uma fatalidade (um americano que trabalhava na Libéria), mas também está se prevenindo: vai analisar passageiros vindos dos países sofrendo com a epidemia. As companhias aéreas Asky e Arik Air suspenderam os voos de e para Serra Leoa e Libéria, enquanto a Emirates suspendeu seus voos para a Guiné. Entidades internacionais também vão ajudar. A OMS anunciou um plano de US$ 100 milhões para levar mais médicos e suprimentos à região afetada. Os EUA vão enviar pelo menos 50 especialistas em saúde pública para a região.

Como transportar um paciente com ebola

Na semana passada, um avião fretado do CDC – Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA – voou com destino à Libéria, onde ele foi buscar os americanos. Este não é um jato comum: o Gulfstream III está equipado com um Sistema Aeromédico de Contenção Biológica, uma tenda que isola o paciente do resto da tripulação de voo. Ele é assim:

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O jato consegue viajar dos EUA até a África em apenas 12 horas com uma equipe médica grande para cuidar do paciente. A tenda tem pressão negativa para evitar que patógenos invadam a cabine. É um dos meios de transporte mais seguros para doenças tão preocupantes como o ebola. (Nossos amigos do Jalopnik do avião.)

Como isolar o paciente no hospital

O Dr. Kent Brantly foi o primeiro paciente com ebola a chegar aos EUA: neste sábado, ele foi transferido para o Hospital da Universidade Emory, em Atlanta. (O CDC também está sediado em Atlanta.) Nesta terça-feira, a missionária Nancy Writebol – também infectada – será levada ao país. , Emory tem uma das quatro unidades de isolamento em os EUA especialmente equipadas para lidar com pacientes de alto risco. A unidade também é separada do restante do hospital, para minimizar o alastramento da doença. Vale lembrar novamente que o ebola é transmitido através de fluidos corporais, e não pelo ar. Por isso, os funcionários de saúde , aqueles feitos para proteger contra materiais perigosos. Eles devem, no entanto, usar um traje impermeável, máscara, óculos protetores e luvas. Após o uso, esse material é queimado. A unidade de isolamento em Emory também previne que organismos patogênicos se espalhem pelo ar: ela usa pressão negativa para impedir que o vírus escape. O local já foi usado para tratar a SARS e, nos EUA, .

E no Brasil?

Levar pacientes com ebola aos EUA é um processo controlado e contido. Mas será que alguém poderia levar o ebola para outros países sem saber? E se isso acontecer, o que fazer? A infectologista Otília Lupi , da Rede Globo, que “tem uma chance grande da gente ter casos” no Brasil, mas descarta uma epidemia: “a gente não precisa ficar tão assustado assim”. Médicos da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio, dizem que nossa rede de prevenção e contenção de epidemias está entre as melhores do mundo. Lupi diz que “a gente tem uma estrutura que é capaz de vencer esse desafio”, e lembra mais uma vez: o vírus requer contato físico para se propagar – o contágio não acontece pelo ar. Na África, sem uma infraestrutura adequada, a situação é realmente assustadora. O continente não consegue lidar sozinho com a epidemia, e o estigma contra funcionários de saúde dificulta ainda mais o tratamento de pacientes. Será necessário um esforço contínuo para conter o ebola mais uma vez. [ e ]

Fotos por , /Flickr, /Flickr e CDC

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