Epic Games usa arma publicitária que Apple já aproveitou contra IBM

A desenvolvedora do Fortnite, Epic Games, acabou de entrar numa briga com gente muito grande: Apple e Google.
Trecho de peça publicitária da Epic Games satirizando a Apple

Os bilionários estão brigando. Duas empresas gigantes do mundo da tecnologia estão sendo processadas por um Golias do mundo dos videogames. E como muita gente ainda está em casa, preocupados com o retorno às aulas, a iminência de uma piora econômica e a insegurança no emprego, buscamos por entretenimento sempre que possível.

Mas esse entretenimento não tem vindo tanto da TV, que interrompeu produções ao redor do mundo em março e só tem . Não podemos ir ao cinema e aqueles que pensam em reabrir provavelmente oferecerão algum risco de contágio ao novo coronavírus. Os quadrinhos estão aí, mas preocupa saber que uma das maiores editoras com a AT&T. Os livros até que nos consolam, assim como os blogs – quando não são engolidos pelo apocalipse dos anúncios digitais.

Mas os games realmente proporcionaram conforto nestes tempos horríveis, e agora eles proporcionaram um novo tipo de entretenimento. A desenvolvedora do Fortnite, Epic Games, acabou de entrar numa briga com gente muito grande: Apple e Google. Isso não quer dizer que a Epic Games seja pequena, pelo contrário, a empresa está avaliada em mais de US$ 17 bilhões.

Primeiro, a Epic iscou a Apple, que tem sofrido grande pressão sobre suas políticas na App Store, após múltiplas alegações de comportamento anticompetitivo. Depois, processaram o Google também.

A Epic Games publica uma série de jogos nas duas plataformas, incluindo o Fortnite.

Este game, especificamente, possui moedas que são compradas com dinheiro do mundo real. O problema é que, até agora, 30% desse dinheiro do mundo real ia diretamente para os bolsos da Apple e Google como um “imposto” por disponibilizar o game nas lojas de aplicativos e, consequentemente, no iOS e Android. Os desenvolvedores de aplicativos concordam em pagar 30% para ter acesso aos milhões de usuários, mas os desenvolvedores também precisam concordar em não oferecer métodos alternativos de pagamento que burlem esse imposto. A questão é mais complicada na plataforma da Apple, que não oferece alternativas de instalação como acontece no Android, em que o usuário pode baixar o arquivo do jogo direto do site da Epic Games, por exemplo.

Por isso, a Epic Games decidiu dizer “foda-se” e começou a oferecer a moeda do Fortnite a uma taxa muito menor se fosse comprada diretamente da Epic, em vez de passar pela Apple. Foi claramente uma ameaça para uma das maiores e mais bem sucedidas lojas de aplicativos em operação.

A Apple respondeu como costuma fazer, retirando rapidamente o Fortnite de sua loja e citando a violação de sua política, embora seu comentário oficial tenha sido uma reprimenda mais severa do que o habitual.

“A Epic habilitou um recurso em seu aplicativo que não foi revisto ou aprovado pela Apple”, disse a empresa em uma declaração ao , “e eles o fizeram com a intenção expressa de violar as diretrizes da App Store no que diz respeito a pagamentos em apps que se aplicam a todo desenvolvedor que vende produtos ou serviços digitais.”

A Apple estava certa. A companhia estava mostrando à Epic o que é o quê ao remover o jogo da App Store, mas a Epic Games estava organizando um novo . E enquanto os jogadores de Fortnite se , surgiu uma adaptação de um comercial familiar.

Você está lendo o Gizmodo, então acho que é seguro assumir que você conhece o exibido no Super Bowl de 1983, que cutucava a IBM, na época a empresa que dominava o mercado de PCs, ao mesmo tempo em que mostrava sua incrível perspicácia para o espetáculo e a publicidade.

No comercial, pessoas inspiradas na massa de Metropolis de Fritz Lang assistem boquiabertas a uma tela, até que uma mulher corre para a sala, balança um martelo, e estilhaça a tela – libertando as massas.

No comercial satírico da Epic, os icônicos avatares Fortnite, boquiabertos, assistem a um desenho animado de uma maçã podre até que uma mulher – a única personagem colorida no vídeo – aparece com um enorme martelo e estilhaça a tela.

Aí aparece o seguinte texto:

A Epic Games desafiou o monopólio da App Store. Em retaliação, a Apple está bloqueando o Fortnite em um bilhão de dispositivos. Lute com a gente para que 2020 não vire “1984”.

A Epic não está de brincadeira. Não há recadinhos. Nenhum esforço para ser político ou tentar manter a paz. A Epic Games fez com que a Apple irritasse milhões de jogadores de Fortnite e imediatamente direcionaram essa fúria contra a Apple, atacando também com uma hashtag #FreeFortnite.

E, caso você ainda não tenha certeza de qual é o plano da Epic, a empresa liberou o vídeo junto com uma ação judicial movida contra a empresa da maçã, além de que coloca a culpa da indisponibilidade do game na Apple. Eles chegaram a colocar links para reportagens do , e sobre as diretrizes da App Store e o suposto comportamento anticompetitivo. Não me lembro de nenhuma empresa – especialmente uma do tamanho da Epic Games – ter instaurado uma ação judicial tão perfeitamente. Os advogados que eu contatei não conseguem se lembrar de uma ação judicial movida com tal coordenação. É inédito, e tenho certeza de que se Steve Jobs estivesse vivo, ele ficaria totalmente encantado – só a tempo de chamar sua equipe para destruir Epic Games. Este é o entretenimento que precisamos em 2020, e há a possibilidade de que esses eventos possam mudar o cenários para os desenvolvedores do iOS.

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