Desde março deste ano, a ciência antecipou a chegada do fenômeno El Niño, que aquece os oceanos e, consequentemente, afeta o clima. Mas uma região de “bolha fria”, observada há cerca de dez anos no Atlântico Norte, está indo contra esse padrão.
Segundo a , uma das teoria mais aceitas até hoje é que a anomalia se deve a uma desaceleração no sistema global de circulação oceânica AMOC (Atlantic Meridional Overturning Circulation), que pode colapsar nos próximos anos.
O sistema distribui frio, calor e precipitação entre a região do Atlântico Norte e os trópicos, carregando água quente para o norte e enviando água fria para o sul. Dessa forma, mantém o clima habitável nas latitudes médias do Atlântico Norte.
Entretanto, um descobriu que grandes mudanças nos padrões climáticos podem influenciar na formação da bolha fria. Além disso, segundo os pesquisadores, a Oscilação do Atlântico Norte (NAO) também pode ter parte nessa anomalia.
O padrão de circulação atmosférica influencia no sopro dos ventos de oeste no oceano. Durante uma de suas fases, os ventos sobre o Atlântico Norte subpolar ficam mais fortes, causando resfriamento. Ainda de acordo com os pesquisadores, essa fase do NAO se tornou mais dominante no último século.
Como a bolha fria afeta o clima?
Alguns estudos indicam que a bolha fria pode influenciar na desaceleração do derretimento das geleiras na região, mas a co-autora da pesquisa, Laifang Li, discorda. Além disso, ela também não acredita que a bolha fria possa ajudar a diminuir a temperatura do planeta. Isso porque que ela cobre apenas uma parte da superfície do oceano.
“Não temos certeza de como a presença da bolha fria pode influenciar o gelo marinho do Ártico, porque a ligação entre a atmosfera, o oceano e a criosfera é um problema multifacetado que envolve processos que competem entre si”, explica.
Mas, como um fenômeno afetado pelas mudanças climáticas e pela localização, os cientistas pretendem acompanhar evolução da bolha, visto que ela está na região de formação de águas profundas, crítica para o AMOC.