Mais de 400 empresas fazem boicote contra Facebook, e Mark Zuckerberg tenta acalmar os ânimos
A campanha acontece no contexto dos protestos antirracistas e contra a brutalidade policial que tiveram a morte de George Floyd como estopim. De certa forma, também é uma repercussão à decisão de manter posts do presidente dos EUA, Donald Trump, que haviam sido sinalizados como “glorificação da violência” e limitados no Twitter.
O Stop Hate For Profit lista para o Facebook implantar nos próximos meses, como adoção de medidas para conter a radicalização online, poder falar diretamente com funcionários da empresa em caso de assédio e ataques, ter um executivo e uma infraestrutura na empresa especializada em direitos civis e reembolsar os valores pagos por anúncios que foram exibidos próximos a conteúdos que propagam ódio. Até o momento, mais de 400 marcas já sinalizaram sua adesão, incluindo empresas gigantes como Coca-Cola, Unilever, Starbucks, Pepsi e Pfizer. Algumas vão pausar seus anúncios nas propriedades do Facebook por um mês, enquanto outras tomarão a medida indefinidamente e , como o Twitter e o YouTube.Por mais que a ação envolva empresas de grande valor de mercado, o prejuízo real no bolso do Facebook pode não ser tão grande assim. Segundo o Verge, , e o top 100 corresponde a , de acordo com a CNN.
Enquanto essas empresas gigantes anunciam no Facebook para divulgar suas marcas, há outras companhias que usam propagandas na rede social para venda direta, como aplicativos e lojas, por exemplo. Esse outro tipo de propaganda, muitas vezes usado por pequenos negócios, representa grande parte das receitas de publicidade da companhia de Zuckerberg.Mesmo assim, um anúncio de boicote por empresas desse tamanho representa uma mancha na reputação do Facebook — ou mais uma, já que, em anos anteriores, a companhia já esteve envolvida em outros escândalos, de uso indiscriminado de dados pessoais a genocídio, no sentido literal da palavra.
Outra estratégia de Zuckerberg, segundo o Times, é usar estas reuniões para tratar o discurso de ódio como um problema que não é exclusivo do Facebook, mas de toda indústria de mídias sociais. Vale dizer que, de certa forma, toda a movimentação dos últimos meses já levou e a também tomarem medidas.
Como Casey Newton escreve , parte das medidas listadas pelo Stop Hate For Profit já são bastante parecidas com as políticas do próprio Facebook. O problema é que se trata de uma rede com 1,7 bilhão de usuários — juntando todas as propriedades do Facebook, o número chega a 3 bilhões. Mesmo que a empresa desenvolva ferramentas de inteligência artificial para verificar o conteúdo, uma margem de erro de 1% significa que muita coisa ainda vai passar.O problema, portanto, talvez seja o tamanho do Facebook. A rede teve crescimento expressivo por conta de aquisições de concorrentes. O WhatsApp já era um mensageiro bastante difundido quando foi comprado, e o Instagram poderia ser um concorrente de peso caso não tivesse sido adquirido pelo próprio Facebook.
Além disso, a empresa sufocou concorrentes que não toparam ser vendidos: o Snapchat perdeu muita de sua relevância depois de o Instagram praticamente copiar o recurso de posts que desaparecem depois de 24 horas, e a rede está tentando fazer a mesma coisa com o TikTok. Talvez um mercado com mais competidores evitaria que as regras de moderação de conteúdo do Facebook parecessem tanto uma questão de segurança nacional.