É possível explodir de tanto comer?

Veja o que acontece quando seu estômago se dilata mais do que deveria.
Apesar de ser uma ocorrência extremamente rara, algumas pessoas já romperam seus estômagos depois de comer demais — e não é nenhuma surpresa que muitas delas tenham morrido.

Quando o estômago se rompe, as bilhões de bactérias que vivem dentro do órgão se espalham pela cavidade abdominal, onde se multiplicam. A consequente infecção causa dores abdominais agudas, tensionamento dos músculos abdominais, febre, enjoo, inchaço e vômito. Quando a vítima não recebe os devidos cuidados —que incluem o tratamento com antibióticos, limpeza da cavidade abdominal e a sutura do estômago— ela morre.

Então porque a pessoa não vomita quando a coisa começa a ficar preta? Segundo a explicação da Dra. Rachel Vreeman, esses indivíduos muitas vezes possuem “hábitos alimentares tão desregulados que seus reflexos não funcionam normalmente. Essas pessoas ignoraram seus corpos por tanto tempo que não conseguem mais vomitar quando é necessário. Quando o estômago chega a esse nível de distensão, os músculos do órgão ficam dilatados demais, sem a força necessária para vomitar a comida”. No ano de 1941, em um dos primeiros casos registrados, uma mulher de 51 anos estourou seu estômago com um pouco de “bicarbonato de soda, depois de alguns drinks e um jantar bem-servido”.[1] Essa refeição incluiu tomate, queijo, pão, batata, macarrão, torta e uísque. Um dos comentários na página que relata esse incidente afirma que “o “. Um incidente parecido ocorreu com uma mulher de 71 anos em 1955. Em 1963, uma nova-iorquina de 40 anos (que havia perdido sete quilos nos meses anteriores à ruptura seguindo uma dieta de apenas 1.000 calorias diárias) se sentiu mal após comer um sanduíche. A pequena refeição desencadeou um enjoo fortíssimo; ela, no entanto, não conseguiu vomitar, e começou a sentir um mal-estar profundo. Seu estado piorou durante a noite, e, na manhã seguinte, a mulher estava desorientada e sentindo fortes dores abdominais.

Ela foi internada no Hospital Mount Sinai, mas como os resultados dos primeiros raios-X não mostraram nenhuma ruptura, a mulher foi tratada com fluidos intravenosos e sucção estomacal. Após 11 dias, sua condição havia piorado; quando os médicos finalmente abriram seu abdômen, descobriram uma ferida enorme que parecia estar lá há algum tempo. A operação foi um sucesso, e a paciente foi liberada um mês depois.

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O problema parece afetar mais mulheres que homens — em 1986, o The Lancet anunciou a morte de uma modelo de 23 anos, vítima de um estômago lacerado. Durante sua última refeição (que os legistas catalogaram durante sua autopsia), a mulher comeu 250g de carne, meio quilo de fígado, um quilo de rim, dois ovos, uma couve-flor, 10 pêssegos, quatro peras, quatro bananas, dois copos de leite, duas fatias de pão e um quilo de uvas, ameixas e cenouras.

Não é de se surpreender que a ruptura estomacal seja mais comum em vítimas de bulimia. O Weekly World News anunciou em 1994 que a autopsia da modelo Anne-Maria Boules, de 19 anos, revelou que ela havia ingerido cerca de 9 quilos de comida em um período de 5 horas: o banquete incluía frango frito, uma dúzia de asas de frango, salgadinhos, drinks, dois litros de cerveja, dois rosbifes grandes, três batatas assadas, uma couve-flor coberta com queijo, um pão de alho, oito biscoitos e um litro de sorvete. Antes desse descontrole, a modelo de 1,75m e 49 quilos mantinha a forma com uma dieta de frutas e vegetais, mas a autópsia afirma que, durante sua última refeição, ela atacou a comida com tanta voracidade que engoliu grande parte sem mastigar. A ruptura foi tão grave que ela morreu em decorrência de uma hemorragia interna em 20 minutos.

Umas das razões pelas quais os bulímicos são mais suscetíveis à ruptura estomacal é o fato de estômagos atrofiados terem uma maior propensão ao rompimento. Pelo menos quatro ex-soldados da Segunda Guerra Mundial romperam seus estômagos após ingerirem refeições relativamente leves. Um deles ingeriu, durante um dia inteiro, apenas um pouco de café, algumas batatas, 250 gramas de pão e um prato de sopa. É bom acrescentar que nem todas as rupturas resultam de uma refeição prodigiosa — pelo menos não diretamente. Em 2011, uma mulher de 25 anos de Coventry que havia feito uma cirurgia bariátrica (uma fita gástrica havia sido posicionada ao redor de seu estômago, apertando o órgão e auxiliando na perda de peso) quase morreu quando a banda saiu da posição adequada, causando uma ferida. Durante os primeiros meses, ela teve dores no peito, vômitos constantes e dificuldade para engolir, e eventualmente a dor se tornou insuportável. No hospital, seus cirurgiões descreveram seu estômago rompido como “um quebra-cabeça”, mas a paciente recebeu um transplante e sobreviveu. Curiosidade:
  • Em uma reviravolta narrativa, um artigo do American Journal of Forensic Medicine and Pathology, publicado em 1986, narrou o caso de uma mulher de 31 anos que chegou ao hospital se queixando de desconforto abdominal. Os médicos limparam seu estômago, retirando dele dois litros de leite, três pacotes de biscoitos e 2 quilos e meio de cachorro quente. Após deixar o hospital, a mulher recomeçou a comilança com mais cachorro quente, cereal e brócolis, mas dessa vez ela não conseguiu chegar no hospital a tempo. Ela foi encontrada no chão de sua cozinha, estirada sobre uma montanha de comida e sacos plásticos vazios; seu estômago, no entanto, não havia estourado — ele se dilatou tanto que pressionou seus pulmões, sufocando-a até a morte.

 

Esse post foi republicado com a permissão do . Crédito da imagem:

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