Doenças e traição: o que mostra o sequenciamento do DNA de Beethoven
Ludwig van Beethoven, conhecido por suas peças de piano, estava longe de ser uma pessoa saudável. Uma perda auditiva progressiva deixou o compositor alemão completamente surdo aos 45 anos, interrompendo sua carreira. Também sofria de problemas gastrointestinais e enfrentou uma deterioração do fígado que o deixou até mesmo amarelo no verão de 1821.
Apesar dos cientistas já conhecerem tais problemas, não estava clara a causa da morte do pianista. Um estudo recente do DNA de Beethoven realizado por pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, parece finalmente solucionar a questão.
Para reconstruir seu genoma, os cientistas recorreram a oito amostras de cabelo cortadas entre 1821 e 1827 e guardadas por fãs do compositor. Após análises, a equipe concluiu que apenas cinco delas realmente poderiam pertencer a Beethoven. O estudo completo foi publicado na revista .
A análise não revelou marcadores genéticos para surdez ou problemas gastrointestinais. Por outro lado, os cientistas identificaram uma variante do gene PNPLA3, que teria triplicado o risco do pianista desenvolver problemas hepáticos durante a vida.
A equipe também encontrou sinais do vírus da hepatite B. Sem contar que Beethoven estava bebendo muito no final da sua vida, o que pode ter intensificado ainda mais suas chances de desenvolver problemas no fígado. Todos esses fatores combinados podem ter levado o alemão à morte.
Traição na família
Mas essa não foi a única informação que os pesquisadores conseguiram na análise do DNA de Beethoven. A equipe também descobriu que algum familiar do compositor teve um filho fora do casamento.
A equipe buscou possíveis parentes de Beethoven vivos no dia de hoje. Então, os cientistas compararam seus cromossomos Y, que foram passados pelos pais de cada indivíduo e definem o sexo masculino.
O material genético desses descendentes eram praticamente iguais entre si, mas não correspondiam ao cromossomo Y do genoma dos fios de cabelo do pianista.
Ou seja, em algum momento, um homem que não pertencia à família gerou filhos do sexo biológico masculino. Beethoven, que viveu de 1770 a 1827, descende deles, e não da família da qual herdou seu sobrenome. A fofoca acabou sendo maior do que os cientistas esperavam.
Veja a 5ª Sinfonia de Beethoven com a Gewandhaus Orchestra Leipzig, da Alemanha: