Do sul ao nordeste, conheça os principais cânions do Brasil
Não são só os EUA que têm paisagens belíssimas com cânions: o Brasil tem mais de 15 formações rochosas de vales profundos que são de tirar o fôlego. Apesar dos mais famosos ficarem no sul, como o Itaimbezinho e Fortaleza, também há cânions exuberantes no sudeste e nordeste do país.
Talvez o mais lembrado hoje no Brasil sejam os cânions de Furnas, na cidade mineira de Capitólio (foto) – infelizmente, por causa de uma tragédia. Em janeiro de 2022, um imenso bloco de pedra despencou sobre barcos. Pelo menos 10 pessoas morreram e outras 27 ficaram feridas.
Desde então, muita coisa mudou por lá. O turismo local reforçou a segurança e reduziu o volume de lanchas que circulavam no Lago de Furnas.
Agora, os pilotos cumprem o distanciamento mínimo dos paredões. Todos os usuários passaram a usar equipamentos de segurança obrigatórios, como capacete e colete salva-vidas, exemplo que se repete em outras regiões de cânions no Brasil.
Como os cânions de Furnas surgiram depois da criação da Usina Hidrelétrica, em 1963, a área está em constante transformação natural, o que aumenta os riscos geológicos.
Isso é comum em regiões de cânions, mesmo naqueles que se originaram naturalmente. O mais comum é que essas formações surjam com a ação de rios, do movimento de placas tectônicas e da erosão eólica ao longo de milhões de anos.
Por isso há riscos: essas regiões são sempre muito antigas e desgastadas pela ação do tempo, o que não garante que sejam 100% seguras. Mesmo assim, não deixam de ser belíssimas – desde que desbravadas com segurança.
A seguir, confira onde e como estão os principais cânions turísticos do Brasil.
Cânion Itaimbezinho (RS)
Com 700 metros de profundidade, o Itaimbezinho é o principal atrativo do Parque Aparados da Serra. Seus paredões chegam a 5,8 quilômetros de extensão e acompanham o rio Perdiz, na cidade gaúcha de Cambará do Sul.
Foram os indígenas guaranis que habitavam a região no passado que deram o nome ao desfiladeiro. Na língua originária, “ita” significa pedra, e “aimbé” é cortada. Especialistas estimam que as paredes rochosas existem há pelo menos 130 milhões de anos.
Os guias do parque oferecem três trilhas diferentes para desbravar a região, todas envolvendo caminhadas que podem chegar a 6 horas de duração. Os trechos são sinalizados e com inclinação média, o que dá mais segurança ao percurso.
Cânion Fortaleza (RS)
É um cânion que pode ser acessado a pé. Tem 940 metros de profundidade e sete quilômetros de extensão.
Cânion Malacara (RS)
Fica mais afastado, a 22 km de trilha do cânion Fortaleza. Só pode ser acessado com ajuda de um guia. Chega a 700 metros de profundidade e 3,5 km de extensão, e conta com uma natureza selvagem quase intocada.
Cânion Churriado (RS)
Tem 3 km de extensão, e paredes de 250 a 700 metros de altura. Para chegar lá, só encarando uma trilha nível hard: são 16 km de caminhada (ida e volta).
Cânion Josafaz (RS)
A formação rochosa é extremamente úmida devido a grande quantidade de vegetação da Mata Atlântica. Por isso, as trilhas não são nada fáceis – algumas chegam a 21 km (ida e volta) –, e ficam ainda mais pesadas com o frio que faz por lá. Mesmo assim, a paisagem é exuberante: são paredões de 16 quilômetros de extensão a 1.000 metros de altitude.
Cânion do Funil (SC)
Fica a poucos quilômetros da Serra do Rio do Rastro, uma estrada sinuosa no caminho para o litoral catarinense. O cânion é famoso pelos penhascos de rochas pontudas. Para chegar lá, só com autorização, auxílio de guia e um carro preparado para encarar estradas irregulares.
Cânion do Guartelá (PR)
É o sexto maior cânion do mundo, com 30 km de extensão e desfiladeiros de até 450 metros. A trilha completa tem 10 km e precisa ser percorrida com guia.
Cânion do Rio Jaguariaíva (PR)
Localizado na cidade de Jaguariaíva, é o 8º maior cânion do mundo em extensão, com paredões que chegam a 80 metros de altura.
Cânion de Furnas (MG)
Entre os mais famosos do Brasil, os cânions de Furnas, na cidade mineira de Capitólio, apareceram depois da construção da Usina Hidrelétrica, em 1963. Ali está a nascente do Rio São Francisco e paisagens exuberantes que mesclam belos paredões de pedra e água cristalina.
Cânion das Bandeirinhas (MG)
Fica no município de Jaboticatubas, no Parque Nacional da Serra do Cipó, a duas horas de Belo Horizonte. Para chegar lá, é preciso fazer 12 km de trilha de dificuldade média. No caminho, o turista encontra muitas piscinas naturais e cachoeiras.
Cânion do Peixe Tolo (MG)
Os paredões de até 200 metros de altura ficam na Serra do Intendente, em Conceição do Mato Dentro. Para entrar, e auxílio de guia.
Cânion do Rio Espalhado (BA)
As pedras em camadas (algo que demonstra a ação do tempo) acompanham o leito do Rio Espalhado no berço da Chapada Diamantina. Os paredões chegam a 90 metros de altura e há diversas piscinas e cachoeiras pelo caminho.
Cânion do Xingó (SE)
A história desse cânion localizado no meio do sertão nordestino é impressionante. Ele só foi descoberto depois do represamento das águas para a construção da Usina Hidrelétrica de Xingó, em 1994. Até então, ninguém sabia da sua existência.
Hoje, é o quinto maior cânion navegável do mundo, com 65 km de extensão e 170 metros de profundidade. E é beleza pura: os paredões se espelham nas águas esverdeadas na beira do Rio São Francisco. Em alguns locais, a água é própria para banho.
A estimativa é que a formação rochosa tenha mais de 60 milhões de anos, com vestígios de humanos há pelo menos 8 mil anos.
Cânion Sussuapara (TO)
É o mais visitado cânion do Jalapão, região turística do Tocantins. Guarda uma cachoeira com queda d’água que chega a cinco metros de altura e uma gruta. As rochas chegam a 70 metros de altura e por elas descem dezenas de fontes de água, o que confere formatos indescritíveis nas pedras.
Cânion do Rio Poty (PI)
Rochas de mais de 60 metros de altura acompanham os cânions do Rio Poty na Serra de Ibiapaba, a 230 km de Teresina, no nordeste do Brasil. Ali, é possível fazer passeios de canoa, caiaque e lancha, além de visitar cavernas e artes rupestres.
Mas lembre-se: o ideal é andar com o auxílio de um guia e pessoas que conhecem o local, sempre respeitando os limites do espaço.
Cânion dos Apertados (RN)
O único cânion de rocha granítica do mundo fica na fazenda Aba da Serra, em Currais Novos. Foram as águas dos rios Picuí e Currais Novos que esculpiram as pedras, mas, ao longo dos anos, a água secou. Mesmo assim, nas épocas de chuva, piscinas naturais se formam e dão continuidade à paisagem exuberante.