Pesquisadores chineses descobriram uma camada de rochas em Marte que pode ter sido formada a partir dos sedimentos de uma grande inundação. O estudo ressalta que o episódio foi “catastrófico”, e deve ter ocorrido há 3 bilhões de anos.
A , publicada na Nature, usou dados do rover chinês Zhurong — que está explorando a superfície marciana desde maio do ano passado. O veículo conta com um radar que permitiu analisar as camadas de solo abaixo da superfície.
Ao todo, o Zhurong detectou quatro camadas de rochas com 70 metros de espessura, formadas em diferentes momentos e por diversos processos geológicos. Entre elas, a camada mais espessa – de 30 a 80 metros de profundidade – é constituída de rochas maiores que devem ter feito parte de um antigo depósito de sedimentos durante uma grande (e rápida) inundação.
Já as camadas mais acima são formadas por rochas menores e mais jovens. Elas devem ser o resultado de intemperismo, impactos de asteroides ou inundações regionais.
Um dilúvio em Marte
Segundo os cientistas da Academia Chinesa de Ciências e da Universidade de Pequim, nenhuma evidência direta de água líquida foi encontrada. Porém, eles sugerem que o líquido pode estar presente em profundidades mais baixas.
O rover chinês pousou na parte sul da planície conhecida como Utopia Planitia, em uma região de transição entre as terras altas e baixas. Suspeita-se que a planície já tenha abrigado um antigo oceano marciano, e que o Zhurong esteja em uma área de escoamento da água durante episódios de inundação.
O rover Perseverance, da NASA, também conta com um radar e está explorando outra região de Marte onde pode ter havido a presença de água: a Cratera Jezero. Contudo, conforme ressaltou o South China Morning Post, os resultados encontrados entre os rovers chinês e americano .
Um recém-publicado na Science Advances apontou que o Perseverance sondou 15 metros abaixo da superfície e encontrou uma camada inclinada formada por rochas mais densas. Os pesquisadores relataram que os dados demonstram que provavelmente ela foi formada por movimento de magma, mas não descartam a possibilidade de sedimentos sendo levados pela água.
Os chineses afirmam que essas missões são importantes pois ajudam a estudar a geologia do planeta. Além disso, elas podem ajudar a encontrar componentes críticos que possam demonstrar um ambiente habitável em Marte, seja no passado ou mesmo no presente do planeta.