Placas bacterianas antigas revelam dieta bastante variada dos neandertais
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Os resultados revelaram vários tipos de informações interessantes. As placas bacterianas na caverna Spy tinham todos os tipos de DNA de comida, como ovelha e até mesmo rinoceronte lanoso. Os dentes encontrados na El Sidrón apenas pareciam conter DNA vegetal, como cogumelos, pinhões e musgo. Essas dietas até pareceram mostrar diferentes microbiotas, ou uma variedade diferente de bactérias nos dentes. Os pesquisadores publicaram seus resultados nesta quarta (8), na .
Imagem: Paleoanthropology Group MNCN-CSIC; Foto de Antonio Rosas
Essa diversidade de dietas é bastante ampla, especialmente considerando que muitos presumiam que os neandertais comiam apenas carne. E mesmo as observações sobre aqueles que só comiam carne apenas refletiram a localização da caverna. Os neandertais,, frequentemente comiam de acordo com a disponibilidade local de alimentos. “O viés favorável ao consumo de carne de animais grandes como o mamute lanoso ou o rinoceronte vem da examinação de locais ao norte, onde esses animais eram abundantes e havia poucas alternativas de fonte de alimentos”, contou ao Gizmodo Stewart Finlayson, gerente de operações e herança digital no Museu de Gibraltar e que não participou do estudo, por email. “Mas os neandertais viveram em muitas outras partes do mundo e, como os humanos de hoje, eram altamente adaptáveis e exploravam a gama completa de alimentos disponíveis para eles, de nozes a rinocerontes! O mito da inferioridade neandertal sofreu outro golpe.” Um aspecto surpreendente do estudo foi que um neandertal com um abscesso dentário parecia ter dentes com traços de DNA de choupo, uma planta que contém substâncias químicas usadas pelos humanos para fazer aspirina. Os cientistas indicaram que esse neandertal pode ter automedicado seu ferimento. “Mas isso é bastante especulatvo”, disse Harcourt-Smith. “Pode ter sido consumido porque estavam com fome. Inferir que os neandertais tinham uma espécie de conhecimento intensivo sobre as propriedades das plantas é um exagero.” É apenas um exemplo um pouco parecido com encontrar um cadáver humano com DNA de semente de papoila nos dentes e presumir que eles consumiam opiáceos. Um lembrete: correlação não implica causalidade. Há várias outras advertências aos resultados, explicou Harcourt-Smith. Não sabemos quanto tempo levou para que a placa bacteriana se formasse em seus dentes, então não sabemos se essas observações representam dietas completas ou meras observações rápidas. Além disso, temos que observar essa análise de bactérias com muita cautela. Como sabemos que a bactéria simplesmente não apareceu nos dentes ao longo do tempo, ou que um animal não veio e babou nos dentes nesse intervalo de quase 50 mil anos desde que as espécimes morreram? “Os materiais da Spy são alguns dos primeiros materiais de neandertais encontrados”, disse Harcourt-Smith. “As técnicas de escavação não foram muito rigorosas. Pense em todos os pesquisadores que tocaram nessas coisas.” Os autores discutem a contaminação ao longo do estudo e até comparam as amostras aos humanos de hoje em dia. “Você pode observar que os pesquisadores tentaram ser muito cautelosos e levaram essas questões muito a sério”, afirmou Harcourt-Smith. Ele ainda gostaria de ver mais análises de humanos dos tempos modernos para comparar com a microbiota neandertal. Harcourt-Smith não se sentiu confiante falando da análise de DNA, então entramos em contato com outros geneticistas e atualizaremos a publicação se tivermos resposta. Mas, em última instância, é bem legal simplesmente conseguir imaginar os neandertais de fato se sentando em suas cavernas e comendo rinocerontes ou musgo, sem saber que, em milhares de anos, seus primos tão distantes podem estar fazendo um exame dentário de alta tecnologia. Isso pode ser usado como uma boa desculpa para não escovar seus dentes, pelo benefício dos seus futuros descendentes. []Imagem do topo: Paleoanthropology Group MNCN-CSIC