Dezoito novas espécies de aranha-pelicano foram descobertas em Madagascar
Rápido: o que tem oito pernas e um rosto parecido com um pegador de salada? Caso você tenha dito aranha, você sabe exatamente o que estou descrevendo – um monstro, que, pelo menos para aranhas menores, mais parece parte de um conto de terror: a aranha-pelicano. Agora, uma detalhe a descoberta de 18 novas espécies da aranha-pelicano de Madagascar.
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Em uma primeira impressão, as aranhas-pelicano (da família Archaeidae) não são exatamente horríveis, apenas meio estranhas e até engraçadinhas. Elas recebem o nome derivado do pássaro por causa do segmento torto em suas “cabeças” (chamada de cefalotórax), que é vastamente esticado para cima, o que deixa a aranha parecendo que tem um tremendo pescoção. Isso, em conjunto com as partes da sua boca – que são abominações longas o bastante para dobrar, mais parecendo com um pegador de salada – tornam a aranha semelhante a um pelicano. Na realidade, não há pescoço algum; é como se cabeça tivesse sido puxada para cima como um pedaço de massa de modelar.
Mas não é o visual estranho da aranha-pelicano que a torna um ótimo personagem de histórias de terror, mas, sim, no que essa estranha criatura evoluiu. Aranhas-pelicano também são chamadas de “aranhas assassinas” porque sua dieta consiste inteiramente de outras aranhas, que elas lentamente vigiam e devoram. Essas exímias caçadoras abandonaram a ideia de teias por completo, em vez disso caçam pela floresta com seu par de finas e sensíveis pernas que mais se parecem com antenas.
Assim que encontram um alvo, elas cuidadosamente a atraem e capturam a vítima com suas longas presas, cada uma dela com um ferrão venenoso. A aranha-pelicano então mantem o alvo preso no final de suas presas, impossibilitando qualquer retaliação enquanto espera o veneno fazer efeito.A aranha-pelicano mantêm a presa de ponta cabeça usando suas quelícera (boca) depois de capturá-la. (Crédito: Nikolaj Scharff)
Essa estranha espécie de aranha chamou a atenção de Hannah Wood, curadora de aracnídeos e myriapodas (centopeia e seus familiares) no Museu Nacional de História Natural dos EUA e primeira autora do novo estudo. Durante anos, a evolução e biodiversidade da aranha-pelicano tem sido foco majoritário de sua pesquisa, e o estudo que a levou a descoberta das novas espécies.Um macho adulto de Eriauchenius workmani. Essa foi a primeira espécie de aranha-pelicano encontrada nas florestas de Madagascar. Antes ela era conhecida apenas por fósseis. (Crédito: Nikolaj Scharff)
A pesquisadora examinou coleções de expedições para a ilha e de seu próprio trabalho em campo, fazendo medidas detalhadas e anotações de suas características físicas e ecológicas, tentando entender suas correlações e seu local no ambiente. Ao fazer isso, Wood pode definir 26 espécies da ilha – 18 das quais nunca foram descobertas antes. A descoberta mostra como muita da biodiversidade nativa ainda pode ser desconhecida em Madagascar. A ilha é conhecida por ser um laboratório da evolução, com muitos de seus habitantes – de lêmures, a até f – encontrados apenas nessa região. Infelizmente, muitas dessas espécies únicas ou de a. A atual crise de biodiversidade na região ameaça extinguir até mesmo espécies ainda não conhecidas pela ciência, algumas talvez bem parecidas com essas novas aranhas-pelicano.Imagem de topo: Eriauchenius milajaneae é uma das 18 novas espécies de aranhas-pelicano de Madagascar descritas pela cientista. (Crédito: Hannah Wood, Museu Nacional de História Natural)