Deserto chileno do Atacama vira cemitério de lixo fashion
Um dos pontos turísticos mais desejados do Chile está virando um gigantesco cemitério de roupas, por mais improvável que isso possa parecer. O deserto chileno do Atacama, o mais seco do mundo, se transformou em um depósito de lixo fashion descartado por Estados Unidos, Europa e Ásia.
View of used clothes discarded in the Atacama desert,Iquique.EcoFibra,are circular economy projects that have textile waste as their raw material.The textile industry in Chile will be included in the lawforcing clothes and textiles importers take charge of the waste they generate— Martin Bernetti (@MartinBernetti)
Consumo voraz
A explicação para esse tragédia ecológica é mercadológica. A paisagem devastada fica em uma zona franca (área delimitada onde entram produtos nacionais ou internacionais com tarifas alfandegárias reduzidas ou ausentes) no porto da cidade de Iquique, a 1.800 quilômetros de Santiago, e recebe quase 60 mil toneladas de lixo por ano.
E tudo isso é consequência do imediatismo, o consumo excessivo que devolve cerca de 50 coleções de diferentes marcas anualmente. Estudiosos estimam que o material leva cerca de 200 anos para se desintegrar na natureza.
Alex Carreño, ex-trabalhador da zona de importação do porto de Iquique, que as roupas vêm de todas partes do mundo.
Ele explica que nesta área de importadores e taxas preferenciais, comerciantes do resto do país selecionam os produtos para suas lojas e a sobra não pode sair da alfândega. Então, o que não foi vendido em Santiago ou para outros países (como Bolívia, Peru e Paraguai para contrabando), fica no Chile por causa da zona franca.
Não decompõem
O grande problema, de acordo com Franklin Zepeda, fundador da EcoFibra, empresa de economia circular com unidade produtiva em Alto Hospicio, é que a roupa não é biodegradável e contém produtos químicos, por isso não é aceita nos aterros municipais.
E as vestimentas enterradas ou expostas liberam poluentes no ar e nos corpos d’água subterrâneos típicos do ecossistema do deserto. Assim, a moda se torna tão tóxica quanto pneus ou plásticos.
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