Por que Israel é um polo tecnológico preocupado com cibersegurança
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E não é brincadeira. Nos últimos anos pudemos acompanhar uma série de pesadelos cibernéticos: há suspeita de que grupos de hackers tenham grande influência em ações contra a infraestrutura da Ucrânia, por exemplo. No final de 2015, uma grande faixa da Ucrânia sofreu com falta de energia e pesquisam indicam que o apagão pode ter sido causado por um malware destrutivo.
O ransomware WannaCry afetou dezenas de países, incluindo o Brasil, e causou sérios danos ao sistema público de saúde do Reino Unido. Pouco tempo depois, foi a vez do ransomware NotPetya sequestrar computadores da infraestrutura crítica da Ucrânia e Rússia. O sistema público de transporte de San Francisco também sofreu ataques do tipo e, mais recentemente, a cidade de Atlanta se tornou refém de hackers. Isso sem contar a suspeita de influência russa nas últimas eleições dos EUA e as possibilidades de invasão de dispositivos médicos.
Israel tem muito o que compartilhar com outras nações a respeito de cibersegurança. O país recebe grande parte da demanda de acordos relacionados a esse campo, atrás apenas dos EUA, segundo dados de um relatório da CB Insights, . Existem 420 empresas israelenses e 50 centros de pesquisa e desenvolvimento dedicados à segurança digital. Segundo o governo, o país recebeu US$ 815 milhões em investimentos na indústria de cibersegurança em 2017 – representando cerca de 16% de todos os investimentos privados na área.Quase todas grandes empresas de tecnologia já adquiriram empresas do ramo de Israel: a ; o Google também já adquiriu (além do Waze que é original de lá), enquanto no país. Sem contar o governo norte-americano que, quando precisa desbloquear iPhones, procura a Cellebrite, já que a Apple não fez um backdoor para facilitar esse tipo de ação.
Entendendo o ecossistema
Talvez seja uma boa ideia o Brasil começar a se preocupar um pouco mais com o assunto, afinal, até pouco tempo atrás o pessoal de mídias sociais do Planalto guardava suas senhas em um arquivo do Google Docs.
Parte de todo esse ecossistema está estritamente ligado com a colaboração. Yigal Unna, diretor executivo do Diretório Nacional de Cibersegurança, falou durante uma coletiva de imprensa sobre o desenvolvimento de uma proteção cibernética que inclui desenvolvimento de tecnologias e parcerias com outros estados. Uma dessas iniciativas se chama CyberNet, uma espécie de rede social, em que especialistas em segurança da iniciativa privada e pública de diversos países podem compartilhar informações. Recentemente, o país promoveu um seminário com 35 representantes de universidades latino americanas, incluindo universidades brasileiras. A partir desse cenário quase que apocalíptico do ponto de vista da cibersegurança, o investimento na área tem se mostrado eficiente e rentável: a indústria de segurança digital exportou US$ 3,8 bilhões em 2017 e Israel possui uma defesa sólida contra ciberataques.*O jornalista viajou para Tel-Aviv a convite da Embaixada de Israel no Brasil