Cultura
“Culpa e Desejo”: drama francês provoca reflexões sobre abuso sexual
"Culpa e Desejo" traz atriz vencedora do prêmio César Léa Drucker em um desconfortável drama sobre abuso de menores. O Giz Brasil já assistiu e traz um resumão!
Imagem: Divulgação
Integrante da seleção oficial do Festival de Cannes, o drama francês “Culpa e Desejo”, que estreia nesta quinta-feira (23) no Brasil, retrata um assunto controverso e considerado tabu. O longa é uma refilmagem da obra dinamarquesa “Rainha de Copas” (2017), na versão da diretora Catherine Breillat. O Giz Brasil já assistiu e traz um resumão.
De cara, a abertura do longa-metragem já causa um desconforto no espectador. Ele começa com uma conversa entre Anne e uma cliente, levando a uma reflexão sobre o julgamento de vítimas de abuso sexual. Poderia ser fácil enxergar a protagonista como uma simples “mocinha” de um romance, se a sinopse já não entregasse todo o enredo.De acordo com o resumo, Anne (Léa Drucker), uma mãe bem-sucedida e respeitada advogada especializada em violência sexual contra menores, coloca tudo em risco ao entrar em um jogo de sedução com Théo (Samuel Kircher), filho de seu marido, Pierre (Olivier Rabourdin), em um casamento anterior.
Como se não fosse ruim o suficiente Anne se envolver com um menor de idade, tudo só piora por ele ser seu enteado e viver em sua casa. Assim, o filme desperta uma sensação semelhante à de um filme de terror, em que o espectador torce para que o personagem principal não siga o som do assassino à noite e acabe cometendo uma burrada – o que, inevitavelmente, acontece.
Personagens complexos
O enredo então se desenvolve com a introdução de Théo. Ele é um adolescente problemático e apático de 17 anos, que vai morar com o pai após causar problemas na escola. Apesar de não ser um ator tão bom quanto a vencedora do prêmio César Léa Drucker, Kircher é convincente o suficiente para o papel do jovem com problemas familiares que se apaixona pela madrasta.O que fica difícil entender, entretanto, é de onde surge o tal “desejo” citado no título. Isso porque, mesmo em meio aos gestos e falas sugestivas de Théo – que surgem repentinamente -, não há, inicialmente, indícios de que Anne poderia estar atraída por ele.
Além disso, a culpa também não parece estar tão presente. Afinal, a sinopse sugere “uma história de desejo e traição com consequências devastadoras”, mas não é bem isso o que acontece – pelo menos não para ela. Ao se deparar com a revelação de seus atos, a postura da mulher parece demonstrar tudo, menos a culpa que a situação requer.
Por outro lado, o longa também explora a complexidade e hipocrisia dos seres humanos. Isso à medida em que Anne continua auxiliando jovens em situações de abuso enquanto faz o oposto com seu próprio enteado. No geral, a trama consegue envolver o público. Mas seu ponto alto é o final, quando as reações do trio principal surpreendem em meio à descoberta do caso.