Temos ouvido falar muito do CRISPR, ferramenta de edição genética, para o tratamento de doenças ao se editar genes que carregam essas condições, mas a técnica também pode ter usos diferentes. Uma empresa de biotecnologia nos Estados Unidos, por exemplo, pretende usar o sistema para detectar doenças. E de uma maneira simples, que pode ser feita tanto em hospitais quanto em casa mesmo.
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A companhia é chamada s e conta com cientistas pioneiros no estudo de CRISPR. Seu CEO, o doutor em biologia pela Universidade Stanford Trevor Martin, acredita que sua ferramenta democratiza o acesso ao entendimento de nossa saúde, nossos corpos e do ambiente ao nosso redor.
A empreitada da Mammoth Biosciences envolve um papel de teste do tamanho de um cartão de crédito e um app para smartphones para a detecção de doenças. A ferramenta funcionaria de modo parecido com um teste de gravidez de farmácia, mas podendo ser usados sangue ou saliva para detectar alguma doença. Um sinal fluorescente ou uma mudança de cor no papel de teste deverá ser analisado pelo app. Para isso, você tira uma foto do resultado, e o aplicativo faz o resto. O resultado sai em até 30 minutos.
Segundo o CEO da Mammoth Biosciences, a mesma tecnologia pode ser usada na agricultura, para detectar doenças ou o tipo de micróbios que habitam o solo, e na indústria de petróleo e gás, para detectar micróbios corrosivos nos oleodutos.
Quando falamos de CRISPR, é natural pensarmos na cura de doenças por meio de edição genética, mas ele é muito mais do que isso. O sistema é capaz de buscar pedaços exatos de código genético, podendo ser adaptado para detectar sequências genéticas de vírus particulares. Ele pode ser combinado com enzimas especiais, se transformando, então, nessa ferramenta de diagnósticos que a Mammoth Biosciences está criando.
Estudos por dois cientistas pioneiros no CRISPR, Jennifer Doudna, da Universidade da Califórnia em Berkeley, e Feng Zhang, do MIT, publicados na Science em fevereiro deste ano, mostraram que o sistema poderia detectar diferentes tipos de HPV, além de dengue, bactérias prejudiciais e mutações de câncer.
As enzimas com que o CRISPR foi combinado nos estudos de Doudna e Zhang são a Cas12a e a Cas13a, e a Mammoth Biosciences pretende usar ambas em seu novo sistema de diagnóstico.
“Quando penso no CRISPR, penso nele como o mecanismo de busca da biologia”, diz Martin.
O CEO não revela quanto deverá custar sua nova ferramenta, mas afirma que ela terá um preço acessível. “Estamos caminhando para comercializá-la rapidamente e tê-la disponível nos próximos anos”, completa.
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Imagem do topo: Mammoth Biosciences