O CRISPR pode transformar a maneira como diagnosticamos doenças

Combinação com nova enzima traz mais utilidades ao sistema de edição de genes
A ferramenta de edição de genes pode um dia ser usada para simplesmente editarmos a erradicação de doenças e traços genéticos infectados e indesejáveis. Agora, ela também ganha tração em outra esfera da tecnologia médica: o diagnóstico de doenças.

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Nesta quinta-feira, pesquisadorEs da Universidade da Califórnia em Berkeley anunciaram que haviam descoberto dez novas enzimas CRISPR que podem potencialmente ser usadas para diagnosticar doenças como o Zika ou a febre da dengue rapidamente e de forma barata. A tecnologia não está pronta para ser usada, mas poderia eventualmente permitir a clínicas testar uma amostra do sangue, da saliva ou da urina de alguém para encontrar muitas doenças de uma só vez. Normalmente, quando as pessoas falam do CRISPR, geralmente estão falando sobre o CRISPR-Cas9. Essa é a programação do CRISPR pareada com uma enzima específica (Cas9). Mas há uma por aí que podem ser usadas como parte do sistema CRISPR, e todas elas têm talentos diferentes. As novas enzimas que os pesquisadores de Berkeley descobriram são todas variantes da proteína CRISPR Cas13a, e sua especialidade parece ser detectar sequências específicas de RNA, incluindo aquelas de um vírus. Na engenharia genética, o CRISPR é usado para focar precisamente em um pedaço específico de DNA, cortá-lo e montá-lo novamente com o código genético desejado. Aqui, funciona o mesmo princípio. Exceto que, em vez de mandar o CRISPR farejar um pedaço específico de DNA, ele caça RNA — a cópia de carbono do DNA usada para fazer proteínas — associado com um vírus específico presente no sangue, na urina, na saliva ou em outro fluido corporal de uma pessoa. E se o CRISPR detecta os marcadores genéticos de um patógeno, ele pode permitir aos pesquisadores saberem disso por meio de fluorescência. Sem brilho, sem vírus.

“Esse método seria fantástico para testes iniciais baratos, de postos de atendimento”, disse Alexandra East-Seletsky, autora principal do estudo sobre Célula Molecular e pós-doutora no laboratório em Berkeley de Jennifer Doudna, uma das cientistas que inicialmente descobriram o CRISPR. “O poder do sistema é a flexibilidade e a velocidade para mirar novas sequências, tornando-o ideal para o uso durante um surto de uma doença infecciosa, ou outros sistemas exigindo desenvolvimento rápido.” O trabalho pega carona em estudos anteriores de Berkeley e do Broad Institute. Em setembro, pesquisadores de Berkeley relataram a descoberta do Cas13a e de sua habilidade de detectar sequências específicas de RNA. No mês passado, o relatou que havia utilizado o Cas13a para desenvolver uma ferramenta de diagnóstico que conseguia detectar o Zika e outros vírus. À época, disseram que sua técnica não era apenas pequena e portátil, mas que poderia também custar apenas 61 centavos de dólar por teste no campo. Uma ferramenta dessas pode detectar doenças virais e bacterianas, assim como mutações potencialmente causadoras de câncer. O novo trabalho basicamente expande as ferramentas disponíveis na caixa, permitindo aos sistemas CRISPR detectar mais de uma coisa de uma vez.

“Ele te permite testar um substrato de controle e um desconhecido ao mesmo tempo, ou procurar por múltiplas sequências relacionadas a doenças de uma só vez, usando o mesmo material inicial”, disse East-Seletsky. “As possibilidades são infinitas.” O desenvolvimento de métodos de detecção de doenças baratos e “instantâneos” é meio que o Santo Graal da medicina. O potencial papel do CRISPR aqui tem recebido consideravelmente menos atenção do que sua habilidade de editar genes, mas ele pode acabar sendo igualmente significativo nisso. Ainda assim, disse East-Seletsky, o estudo revelado nesta quinta-feira é apenas uma prova de conceito. Ainda há muito trabalho a ser feito antes de que exista, de fato, uma ferramenta de diagnósticos CRISPR disponível para as clínicas.

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